O primeiro-ministro anunciou hoje um conjunto de “clarificações” a algumas normas decretadas há cinco dias pelo Governo relativas a restrições à circulação de pessoas, mas também um alargamento do âmbito de medidas de combate à covid-19.
“O que isso demonstra, em primeiro lugar, é que este Governo só sabe gerir o momento e fá-lo mal”, afirmou o candidato apoiado pela Iniciativa Liberal (IL), após um encontro ‘online’, a partir de Lisboa, com empresários do Algarve, ligados ao setor do turismo e restauração
Tiago Mayan não quis falar do “detalhe das medidas” e, “independentemente das medidas”, fez questão de ressaltar que é preciso também ouvir da parte do “primeiro-ministro como e quando ele vai pagar a fatura destas medidas”.
“Porque não podem ser os mesmos, não podem ser os cidadãos, os micro e pequenos empresários a pagar a fatura destas medidas, tem de ser o Governo a assumir a responsabilidade das suas decisões e a definir, de forma direta, imediata e sem burocracias, os apoios e compensações aos setores afetados”, salientou.
E acrescentou: “Chegará o dia em que as responsabilidades pelo que está a ocorrer terão que ser assacadas. Neste momento, quero dizer que estarei do lado da solução e do lado dos portugueses”.
Questionado sobre a responsabilidade individual dos cidadãos apontada pelo primeiro-ministro, Tiago Mayan afirmou que, “quando um Governo cria uma exceção está a dizer às pessoas que podem fazer isto” e as “pessoas simplesmente fizeram o que o Governo disse que elas podiam fazer”.
“Eu não reconheço e não adiro, não me vão ver a aderir à narrativa de que a culpa é dos portugueses. Nós chegámos a este ponto com dois meses e meio de estado de emergência, com medidas aplicadas no contexto desses estados de emergência e chegámos a um ponto a que nenhum país da Europa chegou e, portanto, imputar essa responsabilidade aos portugueses é, do meu ponto de vista inaceitável”.
António Costa, que falava em conferência de imprensa, em São Bento, no final de um Conselho de Ministros extraordinário que decorreu por videoconferência, disse que, entre sexta-feira e domingo, se registou uma redução da movimentação das pessoas na ordem dos 30% em relação ao mesmo período da semana anterior – um resultado que considerou insuficiente.
“Não é aceitável que este movimento de pessoas continue. Impõe-se clarificar normas de restrição da circulação que têm sido objeto de abuso e alargar o quadro restritivo das medidas que foram aprovadas na quinta-feira”, declarou António Costa.
Questionado sobre a ação de campanha de André Ventura, que reuniu num jantar cerca de 170 pessoas, Mayan disse que não se posiciona em relação a outras campanhas, referindo apenas que a sua campanha reviu a estratégia, passando muitas ações para o ‘online’, mantendo outras com um número muito reduzido de pessoas.
Portugal contabilizou hoje 167 mortes, um novo máximo de óbitos em 24 horas relacionados com a covid-19, e 6.702 novos casos de infeção pelo novo coronavírus, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS).
O boletim epidemiológico da DGS revela também que foram ultrapassados os cinco mil internamentos hospitalares por covid-19, estando 5.165 pessoas internadas, mais 276 do que no domingo, das quais 664 em unidades de cuidados intensivos, ou seja, mais 17.
Desde o início da pandemia, em março de 2020, Portugal já registou 9.028 mortes associadas à covid-19 e 556.503 infeções pelo vírus SARS-CoV-2, estando hoje ativos 135.886 casos, mais 1.875 do que no domingo.
As eleições presidenciais, que se realizam em plena epidemia de covid-19 em Portugal, estão marcadas para 24 de janeiro e esta é a 10.ª vez que os portugueses são chamados a escolher o Presidente da República em democracia, desde 1976.
A campanha eleitoral termina em 22 de janeiro. Concorrem às eleições sete candidatos, Marisa Matias (apoiada pelo Bloco de Esquerda), Marcelo Rebelo de Sousa (PSD e CDS/PP) Tiago Mayan Gonçalves (Iniciativa Liberal), André Ventura (Chega), Vitorino Silva, mais conhecido por Tino de Rans, João Ferreira (PCP e PEV) e a militante do PS Ana Gomes (PAN e Livre).
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