A presidência tinha comunicado, em 30 de novembro, que Tebboune tinha deixado um centro médico “especializado” e que iria continuar a sua convalescença, mas que iria regressar à Argélia “nos próximos dias”.
A declaração aumentou o crescente mistério em torno do chefe de Estado, de 75 anos, do seu paradeiro e da sua saúde.
O nome da clínica onde foi tratado nunca foi divulgado.
O Presidente argelino, internado a 27 de outubro em Argel, foi transferido no dia seguinte para a Alemanha, para “exames médicos aprofundados” ligados ao novo coronavírus.
Em 24 de outubro, a Presidência argelina indicou que Tebboune se submetera “voluntariamente” a um isolamento de cinco dias para prevenir uma possível contaminação com covid-19 a partir de vários altos responsáveis do seu gabinete e do Governo.
A transferência para a Alemanha foi feita por recomendação do pessoal médico.
A ausência do Presidente argelino, que também exerce a função de chefe da Defesa, recorda as longas ausências do seu antecessor, Abdelaziz Bouteflika, para tratamento na França em 2013 e, posteriormente, na Suíça para inúmeros exames médicos, com muita especulação e poucas informações sobre seu paradeiro ou saúde.
A professora de direito constitucional Fatiha Benabou disse, em declarações à AP, que não há data limite para o tempo que Tebboune possa estar ausente.
“As autoridades têm uma grande margem de manobra”, mas “a nível político, a ausência do Presidente, que incorpora os poderes essenciais, é obviamente um problema”, acrescentou.
A hospitalização e a posterior transferência para a Alemanha de Abdelmadjid Tebboune surgiram quatro dias antes do referendo sobre a revisão da Constituição apresentado pelo Presidente, com o objetivo de fundar uma “nova Argélia”.
Em 01 de novembro, a reforma constitucional na Argélia foi aprovada em referendo com 66,8% dos votos, mas com a mais baixa taxa de participação de sempre 23,7%, segundo os dados definitivos divulgados em 12 do mesmo mês.
O presidente desencadeou um processo de revisão constitucional logo após a sua controversa eleição em dezembro de 2019.
A revisão da Constituição visa estabelecer uma “nova República” e responder às aspirações do movimento de contestação popular inédito, ‘Hirak’, que exige um “desmantelamento do sistema” político existente.
Os partidários do ‘Hirak’ tinham apelado ao boicote do referendo.
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