Num discurso perante a comunidade portuguesa em Genebra, no primeiro de dois dias da comemoração do Dia de Portugal no estrangeiro, Marcelo explicou que escolheu este ano a Suíça para agradecer a uma comunidade de 260 mil portugueses, que, ao longo de duas, três gerações, se foi “moldando no tempo, mas que continua portuguesa, forte, influente e respeitada”.
“Eu queria agradecer-vos hoje aquilo que vos devemos em todos os níveis - no prestígio na atividade desenvolvida, na respeitabilidade aqui na Suíça, no serem a comunidade portuguesa que no último ano mais contribuiu em remessas em todo o mundo, ultrapassando a comunidade francesa, e no manterem as ligações à nossa pátria comum”, disse, perante uma sala cheia no Teatro de Carouge.
Insistindo que os portugueses são “os melhores dos melhores, a adaptar-se aos climas, às culturas, às línguas, aos hábitos, a demonstrar capacidade para dialogar, para falar com todos, entender todos, aceitar todos, praticar o respeito da diferença”, o chefe de Estado disse, no entanto, reconhecer a comunidade portuguesa na Suíça também enfrenta dificuldades.
“Mas eu também sei que, no meio de tantas virtudes e tantos méritos, a vossa luta nem sempre é fácil. Chegámos e tínhamos aqui problemas com professores porque têm um estatuto que não é exatamente o mesmo, por razões cambiais, de outros colegas deles”, começou por mencionar, depois de, no primeiro evento na Suíça – um encontro com alunos do ensino de português numa escola secundária de Genebra -, uma dezena de professores de português terem alertado Marcelo e o primeiro-ministro, Luís Montenegro, para a injustiça da falta de atualizações dos salários dos docentes num país onde dizem ser particularmente castigados pela desvalorização cambial.
O Presidente prosseguiu afirmando estar consciente “do esforço que se está a fazer em termos de funcionários consulares por todo o mundo”, um esforço que “é estatutário, por um lado, mas também de serviços, porque a pandemia teve custos enormes no funcionamento de muitos serviços consulares”.
“Sabemos aqui da tributação fiscal de reformas, penalizando alguns compatriotas no termo de carreiras profissionais. Sabemos da dificuldade quanto a acidentes de trabalho no relacionamento com seguradoras. Sabemos da dificuldade de aprendizagem das línguas oficiais da Suíça. Há hoje cada vez mais portugueses chamados a trabalhar na zona onde o alemão é dominante, e essa é uma dificuldade acrescida em relação à experiência muito antiga do domínio do francês. Sabemos da luta constante dos movimentos associativos”, completou.
Contudo, Marcelo Rebelo de Sousa disse que, também nestes casos, se vê “a nossa força” e comentou que a comunidade portuguesa na Suíça “mudou para mais e para melhor” e tem hoje “mais força, mais vigor, e é mais importante”.
“É tão importante que, quando soube da nossa vinda aqui, a presidente da Confederação Suíça em exercício fez questão de se encontrar com o senhor primeiro-ministro e comigo, em converter aquilo que era uma visita às comunidades numa visita mais ampla”, disse, referindo-se ao convite para um encontro (e almoço) com Viola Amherd que terá lugar na quarta-feira em Berna, antes de Marcelo e Montenegro rumarem a Zurique para a parte final das celebrações do 10 de Junho na Suíça.
A Suíça, que acolhe a segunda maior comunidade de emigrantes portugueses no mundo, apenas atrás de França, é o sétimo país estrangeiro a acolher a celebração, após França (2016), Brasil (2017), Estados Unidos (2018), Cabo Verde (2019), Reino Unido (2022) e África do Sul (2023), sendo que em 2020 e 2021 só houve cerimónias em Portugal devido à pandemia da covid-19.
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