Numa mensagem divulgada no ‘site’ da Presidência da República Portuguesa, o chefe de Estado partilha ter recebido “com grande pesar” a notícia do falecimento de Helena Almeida, “uma artista ímpar, inconfundível, profundamente original e justamente reconhecida em todo o mundo”.
Marcelo Rebelo de Sousa lembra que a artista, “filha do escultor Leopoldo de Almeida, dedicou toda a vida à sua vocação artística, não como uma obrigação, mas como um desígnio”.
“Um talento inevitável, portanto, que influenciou tantas gerações de artistas portugueses e internacionais”, lê-se na mensagem.
Helena Almeida morreu hoje, em Lisboa, disse à agência Lusa fonte da galeria que a representava, a Galeria Filomena Soares. Nascida em Lisboa, em 1934, Helena Almeida criou, a partir dos anos 1960, uma obra multifacetada, sobretudo na área da fotografia, tornando-se uma figura destacada no panorama artístico português contemporâneo.
O Presidente da República sublinha que Helena Almeida deixa “centenas de ‘pinturas habitadas’, desenhos, fotografias, expostos ao longo de várias décadas nos mais importantes museus mundiais”. “E, no entanto, vamos sempre pensar que foi pouco o tempo que tivemos para admirar a obra e a vida de Helena Almeida”, conclui.
As fotografias de Helena Almeida, com formação em pintura, foram sempre registadas pelo marido, o arquiteto e escultor Artur Rosa, também nascido em Lisboa, em 1926.
Sobre o facto de Artur Rosa ter fotografado praticamente todos os seus trabalhos, Helena Almeida explicou, um dia, numa entrevista à curadora Isabel Carlos: "É sempre ele. Porque é importante que as fotografias aconteçam no lugar físico em que eu as pensei e projetei".
"E como tal, tem que ser alguém próximo de mim. Mas antes faço sempre desenhos das situações que quero fotografar. Aliás, a partir da década de 80 passo a usar o vídeo para experimentar, porque um gesto pode ser muito enganador: uma mão mais para o lado é já outra coisa. Então, ensaio primeiro com a câmara [...]. Eu quero a fotografia tosca, expressiva, como registo de uma vivência, de uma ação”, acrescenta.
O lugar físico de que fala, o ateliê, é o espaço onde cresceu, e já era o ateliê do pai, o escultor Leopoldo de Almeida, autor, entre outras obras, do conjunto escultórico do Padrão dos Descobrimentos, e uma das figuras mais proeminentes da estatuária das décadas de 1940 e 1950 em Portugal.
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