Luís Delgado falava na comissão parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, no âmbito dos requerimentos dos grupos parlamentares do Livre e do PS sobre a situação em que se encontra o grupo, que detém 17 marcas, entre as quais a Visão.

Na sua intervenção, o jornalista e presidente da Trust in News (TiN) adiantou que a administração tentou “encontrar saídas”.

“Chegámos ao PER [Processo Especial de Revitalização] com a ideia absoluta (…) de que teríamos o tempo” necessário para encontrar o equilíbrio entre os custos e as receitas da empresa.

“Não conseguimos, não fomos nós que levamos a empresa ao pedido de insolvência”, salientou Luís Delgado, ou seja, só se avançou para isso porque “a Autoridade Tributária e a Segurança Social recusaram a aprovar o PER” (Processo Especial de Revitalização).

Questionado sobre quando percebeu que a TiN não era rentável, Luís Delgado disse que percebeu logo depois da sua compra.

“Quando é que percebi que tinha um grupo que não era rentável? Percebi um mês depois de ter comprado, dois meses, cinco anos depois, percebi sempre”, afirmou.

A dona da Visão, Jornal de Letras, Exame, entre outros, está em insolvência e tem assembleia de credores marcada para 29 de janeiro.

Luís Delgado apresenta em 27 de dezembro plano de reestruturação da Trust in News

Luís Delgado anunciou hoje que vai apresentar em 27 de dezembro um plano de reestruturação, com "medidas diretas específicas".

Luís Delgado falava na comissão parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, no âmbito dos requerimentos dos grupos parlamentares do Livre e do PS sobre a situação em que se encontra o grupo, que detém 17 marcas, entre as quais a Visão.

"Este plano, com medidas diretas específicas, vai ser apresentado no dia 27 de dezembro junto do tribunal e, previamente a isso, junto do administrador de insolvência que, tanto quanto nos disse a nós, diretamente, não tem nenhum plano", acrescentou.

"Também acho que não está muito interessado em conhecer os planos de reestruturação, mas ser-lhe-á mostrado na altura", asseverou Luís Delgado.

"Não sei como vai acabar a empresa, até pode acontecer como já ouvi que o administrador de insolvência até final deste mês" se não tiver dinheiro para pagar os ordenados irá imediatamente para liquidação, referiu.

Ou seja, "liquida imediatamente a empresa e eu não posso fazer nada", enfatizou Luís Delgado.

Agora, "o que eu posso fazer, e vai ser apresentado a 27 de dezembro, é um plano de reestruturação que me comprometi a fazer e entregar no tribunal, porque se for assim ao menos existiu ali um plano de reestruturação", anunciou o jornalista e gestor.

A ideia é "manter os quatro pilares das medidas que tomámos [em 2023], conversão das assinaturas em digital, 50.000 assinaturas, eu acho que nunca tivemos", prosseguiu.

Se eram os 50.000 "que eu achava que tinha quando comprei, eventualmente não corresponderia", a ideia que tive foi em redor das 40.000 assinaturas, apontou.

"Fizemos a conversão, percebemos que era única saída que tínhamos para poupar, não havia outra solução e muitas pessoas, centenas, dezenas, milhares aderiram a essa solução, muitas desistiram", mas "sabíamos que isso iria acontecer, que iríamos ter uma quebra de 50%, estava previsto", relatou.

Contudo, "aos poucos", as assinaturas digitais, sem custos, "estão a voltar" e esse era "um pilar do plano".

O segundo era "quem quisesse sair, as pessoas saíam e não preenchíamos o lugar", e o terceiro "foi conseguir reduzir em 44% aquilo que eram os custos de produção: papel e impressão", acrescentou, contando que tinha mudado de gráfica por causa dos preços.

E depois "cortar tudo aquilo que do nosso ponto de vista poderia diminuir", elencou.

Deste modo, "aquilo que eu faria se tivesse gestão corrente, desde o dia 04 de dezembro teria dito ao senhor administrador de insolvência o seguinte: ‘Vamos suspender de imediato as publicações que tenham margem de contribuição negativa’".

Se estas publicações têm um contributo negativo, "e repetida, não vamos encerrar, vamos suspender", para estabilizar a empresa e isso levaria a "suspender muitas", mas ficaria com as pessoas.

A segunda medida era pedir ao administrador de insolvência "que use esse poder" para reintegrar algumas das pessoas nas redações e outros serviços e passar uma carta para subsídio de desemprego a quem quisesse sair.

Nesse sentido, "concentrar todos os recursos dessas publicações, colaborar com as direções editoriais no sentido do que é que é necessário para que as coisas funcionem, redimensionar para menos de metade o espaço físico onde estamos" e reestruturar "tudo o que é a estrutura que suporta e que dá andamento às publicações".

E, por último, propor a credores – são 15 milhões –, excluindo trabalhadores e Estado, converter parte em publicidade tanto em papel como em digital e um 'haircut' [diminuição] da dívida em 25% e pagar o restante num prazo alargado até a empresa estar estável.