O líder da Iniciativa Liberal (IL), Carlos Guimarães Pinto, anunciou hoje que abandona a liderança do partido, considerando que a sua missão está cumprida no “dia histórico” em que a força política se estreou com uma intervenção no parlamento.
“Não me podem pedir que continue a sacrificar a minha vida por uma causa. Foi um ano intenso em que tive que abdicar de muito para fazer este caminho. Fi-lo numa altura em que ninguém o teria feito. Criei as condições para que outros o possam fazer daqui para a frente com recursos que eu nunca tive e, espero eu, menos sacrifícios pessoais. Não me podem exigir mais”, anunciou Guimarães Pinto na rede social Facebook.
De acordo com o presidente demissionário da IL, “o partido começa agora uma nova fase, com um novo rosto e uma estratégia que tem necessariamente de ser repensada face às novas circunstâncias”.
A IL elegeu João Cotrim Figueiredo deputado à Assembleia da República pelo círculo de Lisboa, nas eleições legislativas, em que Guimarães Pinto liderou a lista do partido pelo Porto.
A publicação de Guimarães Pinto começa por aludir positivamente à intervenção de Cotrim Figueiredo no debate do programa de Governo hoje no parlamento.
“Hoje pela primeira vez em democracia ouvimos no parlamento a voz de um deputado eleito por um partido liberal. A resposta azeda de António Costa demonstrou o quanto ele temia o momento em que teria uma efetiva oposição ideológica no parlamento. Tenho a certeza de que, com a distância necessária, o dia de hoje será visto como histórico”, escreve.
Guimarães Pinto, economista a professor universitário, recorda que há um ano “este momento não passava de um sonho”.
“A menos de um ano de eleições muitos acharam impossível que um partido sem dinheiro (que teve que fazer um peditório entre os membros para colocar o primeiro cartaz), sem um rosto mediático, sem uma direção ideológica clara e com um micro-escândalo às costas, conseguisse eleger um deputado nas eleições mais concorridas de sempre. A verdade é que conseguimos e hoje a sua voz foi ouvida bem alto no parlamento. A minha missão no partido ficou hoje cumprida e termina aqui”, lê-se na publicação.
Guimarães Pinto defende que “o desafio da futura liderança da Iniciativa Liberal não é fácil”, passando por “crescer num ambiente em que tantos desejam crescer ou recuperar o tamanho que outrora tiveram”.
“Mas crescer a partir daqui não é um desafio mais difícil do que era há um ano eleger um deputado. Hoje o partido tem ao seu dispor mais recursos, um rosto com exposição mediática e uma marca clara e distintiva na sociedade portuguesa. Se num ano partindo quase do zero, conseguimos construir tudo isto, não há limite ao que pode ser atingido a partir de agora. Eu ficarei para sempre com o orgulho de ter tido um pequeno papel nesta história”, declara.
Carlos Guimarães Pinto alude a uma “reorganização operacional” realizada há um ano, acompanhada de um “necessário acerto ideológico”, para que “a Iniciativa Liberal se tornasse num instrumento de divulgação positiva do liberalismo”.
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