Alberto Fernández, eleito nas presidenciais de domingo, estimulou os milhares de seguidores presentes no discurso de vitória a gritarem “Lula Livre” e pediu que o mundo escutasse esse grito.
“Hoje é o aniversário do Lula (74), um homem injustamente preso. Devemos continuar a pedir pela sua liberdade”, disse Alberto Fernández, soltando, em seguida, o grito de “Lula Livre”.
Depois do coro popular a repetir “Lula Livre”, Fernández completou: “Que o mundo escute”.
Alberto Fernández convidou para acompanhar a votação na Argentina diversas personalidades da esquerda brasileira, incluindo o ex-ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, com quem visitou Lula na prisão em Curitiba, durante a campanha eleitoral argentina.
Essa visita é sempre recordada por Jair Bolsonaro como um limite imperdoável para Alberto Fernández.
De Abu Dhabi, onde se encontra em visita, o presidente Bolsonaro respondeu que lamentava a escolha dos argentinos.
“Eu lamento. Não tenho bola de cristal, mas acho que os argentinos escolheram mal. O primeiro ato do Fernández foi ‘Lula Livre’, dizendo que ele está preso injustamente. Já disse a que veio, sem contar que tem gente da esquerda lá”, respondeu Bolsonaro, avisando que não vai cumprimentar Fernández pela vitória.
“Não vou cumprimentar, mas não nos vamos indispor”, disse.
Para o brasileiro, os argentinos elegeram os responsáveis pela atual crise económica.
“As reformas do Macri não deram certo, mas o povo colocou lá quem colocou o país no buraco”, refletiu.
Bolsonaro voltou a admitir a possibilidade de retirar a Argentina do Mercosul se os demais sócios do bloco, Uruguai e Paraguai, concordarem.
Na visão do presidente brasileiro, se Alberto Fernández quiser tomar medidas protecionistas em vez de continuar com a abertura comercial que o bloco persegue, o Mercosul pode desmembrar-se.
Alberto Fernández já avisou que vai rever o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia.
O presidente Jair Bolsonaro fez campanha contra a vitória de Alberto Fernández, alertando para o risco de a Argentina se tornar uma nova Venezuela.
Alberto Fernández disse que as críticas vindas de um “racista, misógino e violento” só o beneficiavam.
Alberto Fernández vai ao México – e não ao Brasil – na sua primeira viagem ao exterior como presidente eleito.
Quebrará, assim, uma tradição dos presidentes eleitos na Argentina de viajarem ao seu principal sócio político e comercial.
Bolsonaro já tinha quebrado essa mesma regra ao viajar primeiro aos Estados Unidos e depois ao Chile após assumir o cargo este ano.
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