O plano foi enviado para a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, para o diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde e também entregue hoje ao ministro da Saúde durante uma visita que realizou à unidade Via Verde Seixal, no âmbito da iniciativa intitulada “Governo + Próximo”, que até quinta-feira será dedicada ao distrito de Setúbal.
Um plano desenhado por profissionais de saúde de centros de saúde do Seixal, Amadora, Olivais, Sintra, Brandoa e Almada que alerta para o facto de mais de 1,5 milhões de utentes em Portugal não terem “equipa de família atribuída” e de existir a previsão de aposentação de mais de mil médicos de família só em 2023 e de cerca de mais 500 nos dois anos subsequentes.
Assim sendo, os profissionais de saúde defendem um modelo temporário para dar resposta a uma emergência que se baseia na existência de uma equipa de missão com uma remuneração diferenciada.
Alexandra Fernandes, médica e coordenadora do Via Verde Seixal, unidade de saúde que nasceu há um ano para dar resposta aos cerca de 45 mil utentes sem médicos de família no concelho, é uma das subscritoras do documento.
No concelho do Seixal, no distrito de Setúbal, milhares de utentes não têm médico de família, mas em vez de tentarem a sorte em longas filas, madrugada dentro, podem marcar consulta pelo telefone numa unidade com médicos e enfermeiros especialistas, internos e até aposentados.
Em declarações à LUSA explicou que o modelo do Via Verde Saúde, que também já existe em Almada, é um dos exemplos que pode ser implementado a nível nacional para dar uma resposta temporária a um “problema gravíssimo”.
O objetivo é criar um modo de organização flexível de acordo com as circunstâncias, contexto e recursos mobilizáveis para cada local carenciado, criando equipas multidisciplinares às quais chamam “equipas de missão”.
O recrutamento destas equipas de missão local, explicam no documento, deve ser independente do número de médicos, enfermeiros e outros profissionais previstos nos mapas de pessoal de cada agrupamento de centro de saúde.
A resposta, adiantam, deve ser centrada nas pessoas e nas necessidades de saúde mais essenciais tais como vacinação, cuidados de planeamento familiar, vigilância de gravidez, vigilância ao recém-nascido e ao longo dos primeiros anos de vida, atendimento qualificado e atempado em situação de doença aguda, abordagem a situações complexas de multimorbilidade e controlo de fatores de risco e de doenças crónicas suscetíveis de levarem a complicações, internamento e até morte se forem negligenciados.
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