Fonte do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES) explica à Lusa que este projeto surge no seguimento da iniciativa Selo Estudante-Atleta, lançada em 2022 pelo Instituto Português do Desporto e Juventude, que distingue as instituições do ensino superior (IES) que promovem a “articulação entre a carreira académica e a carreira desportiva” e reconhece ainda as boas práticas, incentivando o apoio estrutural à carreira dupla no ensino superior.
Em resposta escrita à Lusa, o MCTES adianta que estão a “decorrer contactos junto das instituições que já manifestaram interesse em fazer parte do projeto e que simultaneamente apresentem a frequentar os seus cursos atletas com este nível desportivo (Alto Rendimento e Seleções Nacionais)”, pelo que ainda não há um número de IES disponível.
No entanto, além do Politécnico de Leiria, as universidades de Coimbra e do Porto já anunciaram nas suas páginas que também foram desafiados a integrar este projeto-piloto.
O objetivo é criar condições para que os estudantes-atletas de alto rendimento e de alta competição possam “conciliar a vida desportiva e conseguirem licenciar-se ou fazerem o mestrado”, afirmou à Lusa o presidente do Politécnico de Leiria.
Para Carlos Rabadão, ser desafiado pelo MCTES a integrar este projeto é o “reconhecimento do trabalho que tem sido feito em prol desta conciliação, a que chamam carreira dupla”.
“Sabemos que, para se poderem dedicar, serem bons atletas e terem êxitos desportivos, os nossos estudantes têm de treinar e de abdicar de aulas e avaliações. O que fazemos é arranjar as estratégias alternativas para os apoiar e colmatar as falhas que vão tendo, ajudando-os a terem sucesso nas cadeiras e a acabarem o curso”, reforçou o presidente do Politécnico de Leiria.
As medidas ainda não estão definidas, mas poderão passar por uma maior flexibilidade no percurso académico. As aulas práticas poderão ter momentos desfasados dos colegas, assim como os períodos de avaliação.
Carlos Rabadão explicou que estes estudantes-atletas enfrentam períodos longos de treinos intensivos de preparação para competições, o que os impede de poderem dedicar-se à escola.
“Se calhar, teremos de concentrar mais o que é a componente de ensino nos momentos em que estão mais libertos das competições e fazer a gestão das suas disponibilidades, dentro do possível, reprogramando algumas atividades”, precisou.
Afirmando que algumas destas medidas já são postas em prática no Politécnico de Leiria para estudantes de alta competição, trabalhadores-estudantes e alunos com necessidades especiais, Carlos Rabadão acrescentou que é possível criar a figura de um tutor, que acompanhe e apoie o aluno.
Estes estudantes poderão ter uma carga de ensino mais intensiva em determinados períodos, para compensar as suas ausências por períodos longos, apontou ainda o responsável.
“É um projeto-piloto exatamente para aprofundarmos as práticas que já temos e dar melhores condições aos estudantes, para que possam continuar a alcançar ainda mais êxitos desportivos, mas sem descurar a formação”, frisou.
Carlos Rabadão disse ainda que o Politécnico de Leiria tem vindo a desenvolver um trabalho nos últimos anos em prol do estatuto de estudante-atleta, o que lhe valeu, em 2023, a distinção com o Selo Estudante-Atleta. Em 2022, obteve também a certificação da Bandeira da Ética.
A instituição detém ainda, desde 2021, a certificação Healthy Campus, pela Federação Internacional de Desporto Universitário (FISU), tendo sido a primeira instituição de ensino superior politécnico a garantir esta certificação mundial, com a classificação máxima ‘Platina’.
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