Num discurso no encerramento do encontro anual do Conselho da Diáspora Portuguesa, que decorreu hoje no Palácio da Cidadela em Cascais, Marcelo Rebelo de Sousa fez um balanço nacional e internacional do ano de 2023 e projetou os desafios do próximo ano.
A nível nacional, o chefe de Estado avisou que é fundamental “manter o ritmo de recuperação” da execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) registado nos “últimos seis meses”, mas também “multiplicá-lo” e “acelerá-lo”, “até porque chegaram novos desembolsos”.
“O tempo urge e todo o bom senso em não querer reabrir processos que não têm sucesso a nível europeu e podem retardar aquilo que convinha não retardar mais é de extrema prudência”, advertiu.
O Presidente da República disse que é isso que explica “a forma muito generosa” como tem entendido o atual “período intercalar de gestão” do Governo, referindo que se justifica porque a “política externa não para” e também devido à execução do PRR e fundos europeus.
Marcelo Rebelo de Sousa avisou que os processos de alargamento da União Europeia, “por muito lentos que sejam, já estão em curso”, o que dá “argumentos às instituições europeias para uma perspetiva diferente sobre os fundos que não sejam aqueles já previstos até 2026, 2027, 2030”.
“Será outro mundo e é nesse mundo que se tem de começar a trabalhar”, sustentou, reforçando que é “fundamental que haja a noção de estabilidade orçamental, para dentro e para fora, e de capacidade de execução dos fundos europeus”.
“E de não abertura de contenciosos que não sejam verdadeiramente essenciais ou imprescindíveis, de definição de prioridades em matérias que, pela própria lógica dos seus processos, demoram a decidir”, referiu, acrescentando que “tudo é uma corrida contra o tempo”.
Neste contexto, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que, no período até ao final do seu mandato, que termina em 2026, o papel do Presidente da República vai ser o de, “olhando para a realidade político-partidária e governamental, tudo fazer para que esses dados que são estruturais, prevaleçam sobre dados minimamente conjunturais”.
Neste discurso, Marcelo considerou que, em 2023, esperava-se que, a nível nacional, se garantisse “a manutenção da solidez das contas públicas”, salientando que são hoje em dia “um dado adquirido”.
“Não era há 10, 20, 30 anos. Hoje é um dado adquirido. Estabeleceu-se um consenso implícito, muito raro e até para muitos inesperado, quanto a este ponto nuclear da nossa política financeira”, referiu.
O chefe de Estado reiterou que está hoje “adquirida a importância das contas certas, da contenção do desemprego, do crescimento urgente pela qualificação das pessoas, pelo investimento, pelas exportações e pela sua diversificação”.
“Isto é consensual: não foi noutras fases da economia portuguesa. Defendia-se o crescimento por outras vias, e esta via passa muito pela sustentabilidade que falaram aqui hoje, pela ciência, pela tecnologia, pela inovação, por tudo aquilo que tem a ver com o global”, disse.
Marcelo considerou que “ficou claro que o crescimento é imprescindível mas que há que olhar para a coesão social”, sob pena de o crescimento passar a ser “assimétrico” e que, para garantir a manutenção dessa coesão, "são peças chave a saúde, a educação, a habitação e a solidariedade social".
Para o Presidente da República, no plano da política interna, “haver certos consensos de regime” aquieta o país.
Marcelo terminou o seu discurso admitindo que o país vai ter pela frente “desafios difíceis”, mas manifestou “um otimismo realista” de que os vai conseguir vencer, porque já venceu “outros muitíssimo mais difíceis”.
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