“Estamos aqui no Bairro dos Viveiros, mas poderíamos estar noutros bairros aqui da cidade do Funchal, que foram, na verdade, construídos por mim”, disse Paulo Cafôfo, em declarações aos jornalistas, ao terceiro dia de campanha para as eleições antecipadas de 26 de maio.
Na entrada do conjunto habitacional dos Viveiros, com vários blocos de casas públicas, visivelmente quase como novas, há uma placa que diz que a obra foi inaugurada em 14 de dezembro de 2018 pelo então presidente do município, Paulo Cafôfo, agora candidato a presidente do Governo Regional da Madeira.
Acompanhado de uma comitiva de cerca de 30 pessoas, com bandeiras brancas e vermelhas com o símbolo do PS, o socialista disse que a habitação, mesmo antes de ser encarada como o principal problema da atualidade, foi uma prioridade que assumiu como autarca do Funchal, entre 2013 e 2019.
“Esta era uma necessidade à data, é uma necessidade agora, que se ampliou, porque efetivamente a Madeira é das regiões do país que têm os preços mais elevados, seja na aquisição, seja mesmo no próprio arrendamento”, declarou, indicando que o preço médio para compra de casa é de 460 mil euros e para arrendamento é de 1.475 euros.
“Pergunto qual é o madeirense que tem dinheiro seja para adquirir uma habitação, seja para arrendar uma habitação? Isto é o maior drama que a região tem e, para os problemas, temos de ter soluções”, reforçou.
Uma das propostas do PS é um apoio à aquisição da primeira habitação, em que o Governo Regional assegura “um financiamento a 100%” para que as pessoas possam contratualizar o crédito sem terem de dar uma entrada, que é a maior dificuldade”, expôs Paulo Cafôfo, adiantando que, em caso de incumprimento no pagamento do crédito, é estabelecido um contrato de arrendamento, ficando a região como proprietária do imóvel.
Para garantir “habitação para todos”, inclusive classe média e jovens, a candidatura propõe ainda o aumento dos apoios ao arrendamento, alterando os critérios e os valores previstos, assim como o reforço da construção de habitação pública por parte do Governo Regional.
O candidato sublinhou que “o PS quer é ser governo nesta região, acusou o cabeça de lista do PSD, Miguel Albuquerque, de ser “a instabilidade em pessoa” e defendeu “o voto útil no PS”, admitindo que a vitória nestas eleições é “um sonho do Partido Socialista”, mas considerando que é “um sonho também da maioria dos madeirenses, porque há uma maioria social que já não vota no PSD”.
O socialista admitiu a possibilidade de acordos pós-eleições para poder formar governo, à semelhança da gerigonça que o PS formou a nível nacional em 2015, sem adiantar com que partidos, mas reiterando que “com o Chega nunca será”.
Nas legislativas da Madeira há 14 candidaturas a disputar os 47 lugares no parlamento regional, num círculo eleitoral único: ADN, BE, PS, Livre, IL, RIR, CDU (PCP/PEV), Chega, CDS-PP, MPT, PSD, PAN, PTP e JPP.
As eleições ocorrem oito meses após as mais recentes regionais, depois de o Presidente da República ter dissolvido o parlamento madeirense, na sequência da crise política desencadeada em janeiro, quando o líder do Governo Regional, Miguel Albuquerque, foi constituído arguido num processo em que são investigadas suspeitas de corrupção.
Em 2023, a coligação PSD/CDS venceu sem maioria absoluta e elegeu 23 deputados. O PS conseguiu 11, o JPP cinco o Chega quatro, enquanto a CDU, a IL, o PAN (que assinou um acordo de incidência parlamentar com os sociais-democratas) e o BE obtiveram um mandato cada.
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