Miguel Albuquerque “deveria estar presente a liderar estas negociações. Não está, o que parece é que Miguel Albuquerque já está em campanha eleitoral, deseja novas eleições, numa fuga para a frente que, neste caso não é absolutamente benéfica para os madeirenses”, afirmou Paulo Cafôfo.
O socialista acusou ainda o líder do Governo madeirense de se “esconder nos momentos principais, onde deveria ter uma participação ativa e responsável”.
Numa conferência de imprensa, o também líder do grupo parlamentar socialista na Assembleia Legislativa acrescentou que Albuquerque – que hoje se deslocou ao Porto Santo para participar nas comemorações do Dia do Concelho daquela ilha – deveria “dar a cara” e “tentar convencer os partidos que dizem que estão disponíveis, que são os partidos de direita”, a negociar o Programa do Governo.
Paulo Cafôfo referia-se à reunião para a qual o Governo Regional convidou os partidos a participar hoje, para tentar ultrapassar o impasse e conseguir que o seu Programa seja aprovado.
PS e JPP, que somam 20 deputados, aquém da maioria absoluta no parlamento madeirense, que é composto por 47 elementos, rejeitaram o convite.
Na quarta-feira, Miguel Albuquerque anunciou a retirada da discussão do Programa do Governo após dois dias de discussão, visto que tinha chumbo anunciado na votação, no dia seguinte, sob forma de moção de confiança, uma vez que PS, JPP e Chega, que somam um total de 24 deputados, anunciaram o voto contra.
Na conferência de imprensa, Paulo Cafôfo insistiu na censura à postura de “vitimização” do PSD e de Miguel Albuquerque, ao fazer “uma novela de má qualidade” sobre esta situação, recorrendo à “chantagem” dos problemas colocados pela não aprovação do Programa e do Orçamento, nomeadamente a impossibilidade de lançar obras e cancelamento de eventos.
O líder socialista insular estendeu as críticas ao Chega e ao seu líder regional, Miguel Castro, considerando que, à semelhança do PSD, “está a atirar areia para os olhos, com as fintas que faz (..) naquilo que diz e desdiz”.
No seu entender, “o Chega alimenta-se do caos, quanto mais confusão melhor” e vive da “artimanha”, complementando que “à entrada de uma reunião dizem uma coisa, à saída da mesma reunião já dizem outra e o objetivo é claro, é alimentar o populismo, vivem do caos”.
“Portanto, estamos a falar do PSD e do Chega, que são farinha do meso saco”, reforçou.
Paulo Cafôfo defendeu ser “hora de parar de brincar à política e com a autonomia e de usar artimanhas, seja esta vitimização, seja de provocar o caos para enganar os madeirenses”.
Ainda salientou a postura de “seriedade e responsabilidade” que o PS tem “trilhado no meio desta ebulição”, opinando que nas negociações em curso não está em causa um Programa de Governo, mas a moção de confiança.
“Sempre dissemos que não tem [a confiança do PS/Madeira]. Portanto não vamos estar a mudar a nossa posição quando convictamente achamos que não devemos contribuir para esta novela de má qualidade”, declarou, concluindo que, “por esta razão, o PS não tinha condições de participar numa reunião deste tipo”.
Nas eleições regionais antecipadas de 26 de maio, o PSD elegeu 19 deputados, ficando a cinco mandatos de conseguir a maioria absoluta (para a qual são necessários 24), o PS conseguiu 11, o JPP nove, o Chega quatro e o CDS-PP dois, enquanto a IL e o PAN elegeram um deputado cada.
Já depois das eleições, o PSD firmou um acordo parlamentar com os democratas-cristãos, ficando ainda assim aquém da maioria absoluta. Os dois partidos somam 21 assentos.
Em 28 de maio, depois de ter ouvido todos os partidos com assento parlamentar e decidido indigitar Albuquerque, Ireneu Barreto afirmou que “a solução apresentada pelo partido mais votado, o PSD, que tem um acordo de incidência parlamentar com o CDS, e a não hostilização, em princípio, do Chega, do PAN e da IL terá todas as condições de ver o seu programa aprovado na Assembleia Legislativa”.
Também Miguel Albuquerque, em declarações aos jornalistas, no dia seguinte, antes da indigitação, assegurou que não iria “haver problemas” na aprovação do Programa do Governo e do Orçamento Regional, perspetivando o apoio dos partidos que se dizem “antissocialistas”.
Já o líder do Chega/Madeira, após ter sido ouvido por Ireneu Barreto, disse aos jornalistas que transmitiu ao representante da República que “o Chega é um partido responsável” e que não seria pelo Chega que não haveria governo na Região Autónoma da Madeira. Não confirmou, ainda assim, se viabilizaria, ou não, o Programa do Governo, necessário para a posterior aprovação de um orçamento regional.
Hoje após a reunião, Miguel Castro disse que “só no final dessas reuniões é que vamos ver se há entendimento ou não. Não está garantido nenhum entendimento para já”.
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