Em declarações à Lusa, o deputado Ricardo Baptista Leite afirmou que o PSD quer fazer no debate um apelo ao Governo “em nome dos doentes portugueses”, considerando que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) vive “um dos momentos mais difíceis da sua história”.
“O PSD pretende que o Governo assuma, de uma vez por todas, que a área da governação da saúde falhou e que precisa de reconhecer isso com a humildade democrática de quem não conseguiu cumprir as promessas que fez e estabelecer um plano de emergência para salvar o SNS”, defendeu o coordenador da bancada social-democrata para a área da saúde.
Baptista Leite lamentou que o Governo, na área da saúde, continue a focar o seu discurso apenas na Lei de Bases, lamentando que, nesta matéria, “não tenha sequer disponibilidade para falar com o PSD”, mas apenas com os seus parceiros à esquerda.
“Entende o PS que toda a resolução dos problemas do SNS se fará através de uma lei, mas todos nós sabemos que não há lei nenhuma que vá salvar o SNS dos problemas graves de gestão e de inoperância que enfrenta”, disse.
Sobre as áreas prioritárias a incluir nesse plano de emergência que o PSD deseja, o deputado e médico apontou a situação dos profissionais de saúde – que se tem traduzido “em greves e contestações” -, a gestão operacional e os problemas com os fornecedores, bem como o problema das listas de espera para consultas, exames e cirurgias que diz terem vindo a “agravar-se para lá do clinicamente aceitável”.
“Apear de estar em final de mandato e já não ir a tempo de corrigir quatro anos perdidos por parte do PS na gestão da saúde, ainda tem condições para corrigir algumas matérias concretas”, afirmou, apontando como exemplo a situação das crianças com doenças oncológicas no Hospital de São João, no Porto.
Baptista Leite salientou que “a última promessa” do Governo era que, até junho, estas crianças já estariam no edifício central do hospital, mas apontou que “muitas delas continuam a fazer quimioterapia em contentores”, tendo enfrentado o frio do inverno e agora as altas temperaturas do verão.
“Chega ao ponto em que já não conseguimos compreender o porquê”, lamentou.
O deputado do PSD apontou outras áreas em que será necessário um reconhecimento de falhas por parte do Governo, como as políticas de prevenção e promoção de saúde, bem como nos cuidados primários, continuados e paliativos.
“Em toda a linha de atuação do SNS há falhas e é preciso tratá-las de forma séria e transparente”, defendeu, considerando que “dizer que está tudo bem” impede que se comecem a resolver os problemas.
Por exemplo, afirmou, ao nível dos recursos humanos, o PSD tem questionado o Governo sobre o número detalhado de entradas e saídas no SNS, sem resposta.
“O que nos dizem sempre é que o Governo contratou nove mil profissionais, mas sempre que vamos a qualquer hospital dizem-nos sempre que têm menos capacidade em termos de horas do que tinham há quatro anos. Onde é que estão esses profissionais?”, questionou.
Para o deputado, a falta de uma resposta urgente acabará por conduzir a “um SNS para pobres”.
“Quem tem recursos e quem tem meios acaba por ser empurrado para o setor social e privado deixando para os que não têm outros meios ficar à espera, numa situação de enorme vulnerabilidade”, criticou.
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