“Convém sublinhar que a grande questão nesta repetição das eleições continua a ser a questão da anulação dos votos. Nós estamos a verificar que temos um elevado número de votos que são anulados nas diversas mesas. Em alguns casos, são mais os votos anulados do que aqueles que são contabilizados, e isso é preocupante”, disse Maria Ester Vargas, em declarações à Lusa por telefone.

O Partido Socialista afirmou hoje ter conquistado os dois mandatos do círculo da Europa na repetição das eleições legislativas, segundo o cabeça de lista do partido por este círculo, Paulo Pisco.

Na votação inicial, em 30 de janeiro, o PS tinha conquistado um mandato e o PSD outro, mas após a anulação de 80% dos votos o Tribunal Constitucional declarou a nulidade da votação neste círculo, que foi obrigado a repetir as eleições.

À Lusa, Maria Ester Vargas reconheceu a “vontade das pessoas de alterar o sentido de voto que tinham tido inicialmente”.

Questionada sobre a possibilidade de a alteração no sentido de voto representar uma penalização do PSD, que na primeira contagem dos votos reclamou da validação de votos que chegavam sem cópia do cartão de cidadão, o que levou à anulação de 80% dos boletins, a candidata admitiu que isso possa ter acontecido, mas considerou estranho “que se penalize quem defende o cumprimento da lei”.

No entanto, considerou que “preocupante e motivo de reflexão” é o facto de continuar a haver um elevado número de votos anulados.

Referindo que entre 30 e 40% dos 109 mil votos recebidos foram anulados, a cabeça-de-lista do PSD pelo Círculo da Europa atribuiu o problema a uma “confusão nas indicações” que o Ministério da Administração Interna (MAI) deu aos eleitores.

Para Maria Ester Vargas, a indicação do MAI “induzia em erro e pessoas menos atentas” colocaram a cópia do cartão de cidadão dentro do envelope verde, juntamente com o boletim de voto, e não dentro do envelope branco, ao lado do envelope verde, como era suposto.

“Isto gerou aqui uma grande confusão e a anulação de milhares de votos”, lamentou, considerando “muito triste verificar que o Ministério da Administração Interna não tem cuidado nos textos que produz e, sobretudo numa situação de grande responsabilidade como esta”.

Lamentando que “muitos portugueses que quiseram participar nas eleições continuem a ver os seus votos anulados”, Maria Ester Vargas disse esperar que os deputados agora eleitos “tenham a força suficiente para poder trabalhar na Assembleia da República no sentido de rever a legislação eleitoral” para evitar que se repitam situações que “não dignificam em nada a democracia portuguesa”.

A contagem de votos dos emigrantes inscritos no círculo da Europa, que repetiram as legislativas de 30 de janeiro, termina hoje em Lisboa.

Na origem da repetição das eleições esteve a falta de uma cópia do documento de identificação em numerosos votos de emigrantes, que motivou a anulação de mais de 157 mil votos, 80% do total.

Chamado a pronunciar-se sobre a anulação desses votos, o Tribunal Constitucional (TC) declarou a nulidade das eleições nestas assembleias, o que obrigou à sua repetição, atrasando a constituição do novo parlamento e a posse do Governo.

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