Puigdemont, que está na Bélgica após ter fugido à justiça espanhola, publicou hoje nas redes sociais um discurso dirigido aos cidadãos da Catalunha, no qual aparece em frente à atual bandeira da Catalunha (a senyera, não a bandeira independentista) e à bandeira da União Europeia, e com o laço amarelo na lapela, em “apoio aos presos políticos”.
O antigo dirigente, destituído na sequência da aplicação do artigo 155.º que suspendeu a autonomia política da região, continua a intitular-se “presidente” da Catalunha e pediu ao Governo central em Madrid que “repare o dano causado”.
“Retifiquem o já não funciona, reparem os danos causados e restituam todos aqueles que destituíram sem a autorização dos catalães”, adiantou Puigdemont.
O Governo de Madrid aplicou o 155.º — destituindo o Presidente e o restante governo regional da Catalunha, e dissolveu o parlamento regional — na sequência de uma declaração unilateral de independência por parte dos deputados independentistas catalães, apoiados pelo executivo regional (a Generalitat, liderada pelo próprio Puigdemont).
No seu discurso, Puigdemont não revelou se pretende regressar à Catalunha, algo que disse que faria se fosse eleito presidente. O líder independentista catalão pode ser eleito caso os partidos independentistas (que conseguiram a maioria nas eleições) se ponham de acordo e proponham o seu nome. No entanto, Puigdemont tem de se apresentar no parlamento para ser eleito, algo que poderá ser difícil se estiver na Bélgica ou se for detido ao regressar a Espanha.
“As urnas falaram, a democracia falou, toda a gente pôde expressar-se. De que está à espera o presidente Rajoy para aceitar os resultados?”, questionou o cabeça de lista pela Junts per Catalunya.
Nas eleições autonómicas de 21 de dezembro os independentistas conseguiram 70 dos 135 assentos no parlamento, mas a força mais votada foi um partido constitucionalista, o Ciudadanos de Inés Arrimadas.
O Ciudadanos conseguiu 37 deputados regionais, contra os 34 da Junts per Catalunya (de Carles Puigdemont, atualmente fugido à justiça espanhola em Bruxelas) e os 32 da ERC de Oriol Junqueras (ainda na prisão por “rebelião, sedição e peculato”). A CUP obteve quatro assentos.
Assim, os independentistas somam 70 deputados, enquanto os constitucionalistas somam 65 (juntando ao Ciudadanos os 17 deputados do Partido Socialista da Catalunha, os oito do Catalunya en Comú/Podem e os três do Partido Popular catalão).
Carles Puigdemont sublinhou que o governo central tem “uma nova oportunidade de se comportar como a democracia europeia que diz ser e, portanto, reconhecer o resultado das eleições […] e começar a negociar politicamente com o ‘Governo’ legítimo da Catalunha”.
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