Sílvia Lima Pereira vive com o marido e o filho em Miami Lakes, uma zona em relação à qual as autoridades não deram ordem de evacuação, e está a acolher na sua casa, desde quinta-feira, o irmão, a cunhada e o sobrinho, que vivem em North Bay Village, na zona norte da cidade e mais perto do mar.
Em declarações à agência Lusa por telefone, cerca das 13:30 em Miami (18:30 em Lisboa), a emigrante portuguesa relatou que desde esta manhã não há luz.
Àquela hora, o vento soprava com rajadas “bastante fortes” e já se notavam estragos nas ruas, como “árvores caídas e muitas coisas partidas”, mas a portuguesa explicou que o furacão só esperado naquela região ao cair da noite de hoje, prevendo-se que o pico se prolongue até cerca da meia-noite local.
O marido de Sílvia chegou a Miami há 25 anos, após a passagem do furacão Andrew, um dos mais devastadores que atingiram os Estados Unidos, em 1992, e, por isso, “já tem experiência” a lidar com este fenómeno.
Uma experiência que permitiu, agora, tomar uma série de precauções: a casa, uma moradia de dois pisos, já foi construída de forma a ser mais resistente a estes fenómenos, e colocaram uma espécie de estores metálicos para proteger a habitação.
“Aqui sentimo-nos seguros, não sentimos a vibração causada pelo vento”, descreveu.
Além disso, Sílvia e a família compraram mantimentos suficientes para duas ou três semanas, encheram banheiras e recipientes com água e têm um gerador e uma bomba para retirar água em caso de inundação, além de velas, lanternas e pilhas.
A emigrante estima que o irmão possa regressar à sua casa a partir de terça-feira, altura em que esperam que a vida comece a voltar à normalidade.
“Já avisaram que segunda e terça-feira não há escola. A vida não vai voltar ao normal até então”, comentou.
Cerca de 70 mil portugueses estão registados nos serviços consulares como residentes no estado norte-americano da Florida.
O furacão Irma, de categoria 4, a segunda mais grave, aproxima-se da costa sudoeste da Florida com ventos máximos de 215 quilómetros por hora, após ter atingido o extremo sul desse estado, informou hoje o Centro Nacional de Furacões (NHC) norte-americano.
Segundo a trajetória prevista pelo NHC no último boletim que divulgou, o olho do furacão deve atingir "à tarde e à noite a costa oeste da península da Florida".
Prevê-se que na segunda-feira à tarde o furacão se desloque para o norte da Florida e sudoeste da Geórgia.
Na Florida, o Irma já fez três mortos depois de ter deixado um rasto de destruição e pelo menos 27 mortos nas Caraíbas.
Apesar de se prever o seu "enfraquecimento", a tempestade irá permanecer como "um furacão poderoso enquanto se move e atravessa a costa oeste da Florida".
No centro de Miami, os ventos fortes derrubaram uma grua, que caiu sobre um edifício em construção, sem que haja registo de feridos, de acordo com um responsável local citado pelo jornal The Washington Post.
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