Albufeira é um dos três concelhos do país com um nível de risco muito elevado de incidência de covid-19, o que significa que, de acordo com as medidas anunciadas na quinta-feira pelo Governo, este fim de semana o comércio não essencial e a restauração têm de encerrar às 15:30.
“Durante o fim de semana a maioria dos estabelecimentos vão-se manter encerrados, porque não se justifica. A maior parte das pessoas estão na praia, saem da praia à uma e pouco, e não vão estar a almoçar à pressa numa esplanada, não é viável”, refere Sérgio Brito, da Associação Comercial de Albufeira.
Albufeira vive quase exclusivamente do turismo, concentrando metade da oferta hoteleira da região (aproximadamente 50 mil camas), mas o setor nunca chegou a reerguer-se desde o início da pandemia, em março de 2020, o que está a causar falências e despedimentos, segundo Sérgio Brito.
À Lusa, o empresário relata que alguns restaurantes “estão a fechar e a despedir pessoas”, uma situação que já se arrasta desde o ano passado e que traz consigo a perspetiva de “uma tragédia, a nível económico e social”, colocando Albufeira com sete mil desempregados, quando antes não passavam de 500.
“A maioria das empresas começaram a laborar há muito pouco tempo, há cerca de um mês, e contrataram pessoas, criaram ‘stocks’ de comida, fizeram investimentos e agora deparamo-nos com esta situação incompreensível”, lamenta.
Carlo Mealha, proprietário de vários estabelecimentos de restauração e animação noturna em Albufeira, decidiu, também, que não vai abrir os espaços neste fim de semana, o que só iria “aumentar o prejuízo”, já que é “muito reduzida” a probabilidade de ter clientes.
“Para nós não compensa de todo. Essa é uma decisão que já está tomada desde ontem [quinta-feira], a partir do momento em que soubemos da notícia. Não tem qualquer cabimento uma restrição tão pesada a nível horário”, desabafa.
O empresário, no entanto, não quer tomar, para já, “medidas drásticas”, como despedimentos, avisando que quem optar por despedir pessoas arrisca-se, depois, “a não ter mão de obra para poder laborar em condições mais ou menos normais”.
Ainda segundo o presidente da Associação Comercial de Albufeira, a situação está a criar “profunda tristeza nas pessoas, porque não vão conseguir manter os postos de trabalho e não conseguem solver as suas obrigações”, sublinha, lembrando que “muitas se mantiveram ao longo do ano passado e deste ano alavancados em crédito bancário”.
Os empresários insistem na necessidade urgente de revisão dos critérios de contabilização dos casos de covid-19 no concelho, tal como noutros na mesma situação, uma vez que a taxa de incidência é calculada com base nos 45 mil residentes e não nas 100 a 150 mil pessoas que atualmente calculam estar em Albufeira.
O gerente de um restaurante situado em frente à Praia dos pescadores, João Caixinha, contou à Lusa que está a ponderar não abrir o espaço ao fim de semana, pelo menos a parte da restauração, já que também vende gelados artesanais.
“Estamos em ‘stand-by’, uma semana são umas normas, na próxima são outras, e acabamos por não conseguir saber como é que havemos de gerir isto”, refere, mantendo a esperança de que neste verão ainda se possa assistir a algum tipo de retoma.
Albufeira registou, pela segunda avaliação consecutiva, uma taxa de incidência superior a 240 casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias (ou superior a 480 se forem concelhos de baixa densidade populacional), o que coloca o município com um nível muito elevado de risco de incidência.
Assim, Albufeira, Lisboa e Sesimbra passam, a partir deste fim de semana, a ter os restaurantes e similares encerrados às 15:30, bem como os estabelecimentos comerciais do setor não alimentar, sendo que os supermercados e restante retalho alimentar encerrarão às 19:00.
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