Em declarações à Lusa, José Silvano não quis pronunciar-se sobre se houve uma falta de concertação entre a bancada do PSD e a direção na aprovação, na generalidade, do projeto do CDS-PP que elimina o adicional do Imposto Sobre os Combustíveis (ISP), classificando o caso como “uma tempestade num copo de água”.
“Não sei se houve falha de articulação, há opiniões divergentes, já houve outros casos, devem ter a importância que merecem”, afirmou.
José Silvano adiantou ainda ter conhecimento de que “o líder parlamentar já falou hoje duas vezes com o presidente do partido, e nos próximos dias vão almoçar os dois para articular toda a estratégia”.
Segundo José Silvano, está também acertado entre Fernando Negrão e Rui Rio que “o projeto do CDS vai ter de ter alterações na especialidade para poder merecer voto do PSD”, nomeadamente garantindo-se que não diminuirá de forma significativa a receita fiscal prevista.
O secretário-geral manifestou-se ainda convicto que eventuais divergências causadas por esta votação “vão ser ultrapassadas”.
“Foi marcado um almoço nos próximos dias, todo este ambiente de alguma tensão vai ficar resolvido e articulado, não tenho qualquer dúvida”, frisou.
Fonte da direção do partido disse hoje à Lusa que a decisão da bancada do PSD de votar a favor do projeto do CDS-PP sobre combustíveis foi tomada “à revelia” de Rui Rio, uma atitude considerada “gravíssima”.
Confrontado com esta posição, no final do plenário, Fernando Negrão assegurou que agiu “sempre da mesma forma” em relação à direção e a Rui Rio em todas as votações, garantindo que, na especialidade, será a proposta dos sociais-democratas sobre combustíveis “que vai valer”.
Na quinta-feira, a bancada do PSD contribuiu para aprovar com o voto a favor, na generalidade, o projeto de lei do CDS-PP que elimina o adicional do Imposto Sobre os Combustíveis (ISP), iniciativa que teve votos contra de PS e abstenções de PCP, BE e PEV.
“A bancada votou completamente à revelia do doutor Rui Rio, que foi confrontado com a decisão já tomada”, assegurou à Lusa fonte da direção do PSD, assegurando que, se o presidente do partido tivesse sido informado previamente, a decisão teria sido de inviabilizar esta iniciativa.
Segundo a mesma fonte, a decisão de votar a favor do projeto do CDS-PP “é incoerente” com o facto de o PSD ter também um projeto de resolução sobre o tema – “que apenas recomenda, não é imperativo” e não retira receita – e com a posição manifestada por Rui Rio apenas dois dias antes, no encerramento das jornadas parlamentares do partido.
“A posição do PSD hoje, em 2018, ou do PSD ao longo de toda a sua história desde 74 é: a função do PSD é empurrar o Governo para a irresponsabilidade? Não, isso é função do PCP e do BE. Nós não temos essa função, mas temos outra, que é a de obrigar o Governo a falar verdade às pessoas”, afirmou Rui Rio, na terça-feira, na Guarda.
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