Ainda antes do arranque dos trabalhos da 4.ª Cimeira Luso-Tunisina, António Costa encontrou-se com 12 dos 38 alunos das duas turmas de português existentes no Liceu Sadiki, instituição fundada em 1875 e que fica situada mesmo junto à medina de Tunes.
Numa sala equipada com computadores fabricados pela empresa nacional JP Sá Couto, o líder do executivo português respondeu durante cerca de 30 minutos a uma série de perguntas colocadas pelos estudantes, rapazes e raparigas na sua maioria com 16 anos.
“Como faço para estudar português em Portugal? Que programas de intercâmbio existem entre escolas dos dois países? Qual a razão para não se ensinar árabe nas escolhas secundárias portuguesas?” – estas foram algumas das questões colocadas a António Costa.
A maioria das perguntas, no entanto, foi sobre a figura do futebolista português Cristiano Ronaldo – personalidade que o professor de português José Paulo Santos disse ser “quase um Deus na Tunísia”.
Quando a conversa derrapou da educação e do ensino para o futebol, um rapaz levantou-se logo e afirmou-se adepto do Benfica, mas ressalvando a seguir ter como ídolo Cristiano Ronaldo, jogador formado no Sporting.
“Quando é que ele vem cá à Tunísia?”, perguntou o rapaz, com António Costa a responder que também ele, tal como o rapaz, é adepto do Benfica.
“Quanto ao Cristiano Ronaldo na Tunísia, isso certamente acontecerá quando o vosso país jogar com a seleção portuguesa de futebol”, esclareceu o primeiro-ministro, que depois escutou uma jovem cantar de forma afinada um fado de Mafalda Arnaut.
No Liceu Sadiki de Tunes, o primeiro-ministro deixou dois exemplares de um atlas da língua portuguesa, um ao ministro da Educação tunisino que acompanhava a visita e outro ao professor de português da escola.
Perante os alunos tunisinos, António Costa falou sobretudo na expansão da língua portuguesa no mundo, que a médio prazo “será falada por 500 milhões de pessoas” no mundo, e das “facilidades” que Portugal oferece em termos de vistos para a entrada de estudantes tunisinos.
Em paralelo com a expansão do português, o primeiro-ministro defendeu também o papel das atividades culturais para a atração de mais estudantes e para a projeção externa do país, dando como exemplo o caso da música.
No plano do ensino de línguas, António Costa congratulou-se ainda com o facto de duas universidades tunisinas ensinarem português, mas assumiu que no presente o ensino do árabe em Portugal ainda não se encontra disponível ao nível do secundário.
Neste ponto, procurou compensar com o fator História.
“Portugal tem uma grande influência do árabe na sua língua: Todas as palavras começadas por ‘al’, ou palavras como azeite e azeitona. Temos ainda grande influência islâmica na nossa arquitetura”, completou o primeiro-ministro após uma pergunta de uma das raparigas da turma de português.
No meio da conversa descontraída com os jovens tunisinos, o primeiro-ministro não perdeu igualmente a oportunidade para deixar alguns recados de caráter político.
“A transição democrática ocorrida na Tunísia é um claro exemplo de sucesso. Queremos aprofundar as relações com o vosso país em todos os domínios”, disse.
Antes de visitar esta escola, onde o ensino do português arrancou em 2015, o primeiro-ministro foi recebido ao início da tarde com honras militares logo quando chegou a Tunes, numa breve cerimónia protocolar em que esteve também presente o seu homólogo Youssef Chahed.
Depois, António Costa deslocou-se à Assembleia dos Representantes do Povo, o parlamento tunisino, onde teve uma breve reunião com o presidente desta instituição, Mohamed Enaceur.
Comentários