“Não tenho nenhum otimismo relativamente ao aeroporto de Lisboa. Não tenho otimismo por variadíssimas razões. Em primeiro lugar, vamos ver o que é que vai dar o Estudo de Impacto Ambiental que vai ter que ser refeito”, disse hoje aos jornalistas em Esposende, distrito de Braga.
Rui Moreira falava à chegada ao Clube Hípico do Norte, onde decorre hoje o debate “O novo aeroporto de Lisboa e a Linha de TGV”, organizado pela Associação Empresarial do Minho (AEMinho).
Para o autarca do Porto, a localização proposta para o aeroporto (Campo de Tiro de Alcochete) “tem tantos problemas como tem o Montijo”, nomeadamente ser “uma das maiores aquíferas da Europa” e manter-se “o problema das aves ou da migração entre os estuários do Tejo e do Sado”, bem como a existência de “dezenas de milhares de sobreiros”.
“A meu ver, a localização é errada, porque é uma distância excessivamente grande da capital, e depois porque é um aeroporto que está previsto para qualquer coisa como a triplicação do tráfego”, algo de que duvida, “sem pôr em dúvida a competência da comissão independente” que considerou Alcochete a melhor localização.
Questionando “de onde é que vem tanta gente”, Rui Moreira disse não conseguir “imaginar como é que Lisboa e a Península de Setúbal vão ter capacidade para ter o triplo das pessoas”, considerando que isso não é “razoável”.
“Bem sei que há muita gente que acha que as pessoas do Porto não devem dar opiniões sobre coisas de Lisboa, mas isto é um projeto nacional”, pelo que baseou a sua opinião em estudos encomendados quando era presidente da Associação Comercial do Porto (ACP).
O autarca do Porto disse ainda existir “um outro problema” com o novo aeroporto, que é “ter uma companhia aérea que acredite” num grande ‘hub’ internacional.
“Não sei o que é que vai acontecer à TAP. Não sei se a TAP vai ter músculo, qualquer que seja o futuro da TAP, para justificar um ‘hub'”, considerou.
Já relativamente à linha ferroviária de alta velocidade entre Porto e Lisboa, que viu hoje ser aprovado um financiamento de 813 milhões de euros por parte da União Europeia, Rui Moreira acredita que desta vez irá mesmo acontecer, após “uma história que começa em 1995”.
“São muitos anos, muitas proclamações, muitos anúncios, portanto vamos ver se desta vez as coisas arrancam mesmo”, afirmando que a região não pode “continuar a depender da Linha do Norte, que é claramente insuficiente para mercadorias e para passageiros, não tem a velocidade desejada”.
Rui Moreira salientou que “o avião não é conveniente em curtas distâncias e vai ser proibido em distâncias inferiores a 400 quilómetros”, prevendo-se também uma menor utilização das autoestradas.
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