"Tentarem por razões, seja de eleitoralismo, seja de populismo ou demagogia, colar rótulos à cidade, à STCP e aos seus trabalhadores, parece-nos absolutamente lamentável", sublinhou hoje Rui Moreira à margem do encontro com a Comissão de Trabalhadores e Conselho de Administração da STCP.
Nicol Quinayas, de 21 anos, nascida em Portugal, mas de ascendência colombiana alega ter sido violentamente agredida e insultada na madrugada de 24 de junho, no Porto, por um segurança da empresa 2045 a exercer funções de fiscalização para a empresa STCP.
Depois do encontro, o autarca afirmou ainda que "todos lamentam" o sucedido, mas que "poderia ter ocorrido em qualquer sítio do mundo" e que "todos são suscetíveis a situações desta natureza".
Um dos elementos da Comissão de Trabalhadores da STCP, Pedro Silva, lamentou também "a colagem da STCP" à agressão da jovem na noite de 24 de junho, afirmando que a empresa não teve "qualquer tipo de envolvência" e que "a verdade se irá provar".
"O que nos cria alguma incredibilidade é que a empresa é centenária e tem uma obrigação não só de mobilidade, mas social, na cidade e concelhos adjacentes e, até ao momento, nunca houve qualquer tipo de incidente desta natureza", frisou o trabalhador.
Isabel Botelho Moniz, do Conselho de Administração da STCP, afirmou que o "processo interno junto dos trabalhadores está na fase final" e que a empresa vai aguardar as averiguações das outras entidades envolvidas.
Quanto à renovação do contrato com a empresa de segurança privada, 2045, Isabel Botelho Moniz afirmou que "a decisão de não renovar já estava tomada antes da situação" e que, em setembro, a STCP vai realizar um contrato com "uma nova empresa".
Questionada sobre o possível pedido de indemnização à empresa de segurança privada por danos causados na imagem e reputação da STCP, a administração avançou que para já vão aguardar pelos resultados do processo.
Rui Moreira elogiou o Conselho de Administração e os trabalhadores da STCP, que "tudo têm feito no sentido de garantir a normalidade da operação", assim como o Ministério da Administração Interna, pela abertura do inquérito.
A Câmara do Porto condenou na terça-feira de forma "veemente" a agressão, classificando o sucedido como um "intolerável ato de violência racista".
Em comunicado enviado esta terça-feira à Lusa, a STCP anunciou que abriu um "processo interno" para averiguação junto dos seus trabalhadores que estavam de serviço na noite de 24 de junho.
A empresa de transportes esclarece que o referido inquérito foi aberto "antes de qualquer divulgação nos media e imediatamente após ser informada" da agressão à jovem por um agente de uma empresa contratada para prestar "Serviços de Fiscalização de Título de Transporte e de Vigilância em Autocarros", a 2045, tendo ainda "exigido" que o segurança em causa deixasse, até esclarecimento da situação, de prestar qualquer serviço à STCP.
O Ministério Público abriu já um inquérito para investigar o caso, revelou na semana passada a Procuradoria-Geral da República (PGR), numa resposta escrita à Lusa.
Depois de o caso se ter tornado público, inicialmente pelas redes sociais e depois pelos jornais, a SOS Racismo condenou a agressão à jovem Nicol Quinayas, que reside em Gondomar, no distrito do Porto.
A Inspeção Geral da Administração Interna abriu já um processo para esclarecer junto da PSP o caso e, numa nota enviada às redações, o Ministério da Administração Interna (MAI) diz que o ministro Eduardo Cabrita "não tolerará fenómenos de violência nem manifestações de cariz racista ou xenófobo".
Também a empresa de segurança privada 2045 já anunciou, em comunicado, que iniciou um processo de averiguações interno relacionado com a agressão.
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