“Meu caro Luís [Montenegro], nós não temos medo, o país não vai votar por medo. Eu, pela minha parte, já fiz a minha escolha: eu vou votar AD, espero que votem AD e que no dia 10 lhe possa telefonar a dar os parabéns”, afirmou Rui Moreira, num almoço-comício na Trofa (distrito do Porto) para cerca de 2.000 pessoas, segundo a organização.
O autarca disse que já tinha transmitido esta posição de apoio ao presidente do PSD, Luís Montenegro, “desde o primeiro dia”, e que agora a partilhava publicamente.
Moreira justificou o seu apoio à AD quer pelas qualidades humanas e políticas de Montenegro, quer pelo projeto económico da coligação, defendendo que “é preciso criar mais riqueza para combater a pobreza”.
“As metas da AD são possíveis, é possível crescer, criar mais rendimento (…). Não nos proíbam de sonhar, não nos tentem meter medo”, pediu, dizendo que nos anos 80 do século passado o país teve crescimentos de 6%, que considerou poderem voltar a ser possíveis se o Estado “não estiver permanentemente a segurar as rédeas”.
O autarca, reeleito como independente em 2021 como o apoio do CDS-PP e da IL e outros pequenos partidos, pediu um favor ao presidente do PSD, se for primeiro-ministro.
“É acabar com o complicómetro, nós precisamos de acabar com o complicómetro”, apelou, num pedido a que Montenegro acenou com a cabeça, em sinal de concordância.
Rui Moreira já tinha marcado presença na assinatura da coligação AD, entre PSD, CDS-PP e PPM, no início de janeiro, mas recusou então que tal significasse um apoio.
O autarca justificou a sua presença neste almoço na Trofa com um convite do presidente do PSD e por considerar que “este é um momento de escolha”.
“Não costumo participar em atividades partidárias porque sou independente, mas independência não é neutralidade, ser independente não é ser neutral”, disse.
Rui Moreira elogiou as qualidades humanas de Montenegro – “um homem de convicções, com personalidade forte e de grande caráter” – e defendeu que tem “todos os condimentos de competência para poder presidir ao Governo de Portugal”.
Por outro lado, manifestou também concordância com o programa económico da AD, defendendo que só políticas de fomento do crescimento e políticas fiscais que facilitem o investimento permitirão criar riqueza, “deixar mais rendimento para as famílias e fazer isso sem destruir o Estado social”.
“É isto que nos propõe a AD e é isto que todos queremos: um Estado que funcione, mas não complique a vida a todos nós”, defendeu.
O autarca questionou porque é que a classe média – que “sustenta o Estado social com os seus impostos, mas não beneficia dele” – “deixou de confiar na escola pública e se vê obrigada a ter seguros de saúde”.
“Porque o Estado está emperrado na ideologia, está emperrado no excessivo garantismo e numa coisa típica da esquerda, que é a fobia do mérito”, disse, recebendo muitos aplausos.
Antes, o líder do CDS-PP, Nuno Melo, fez questão de repetir hoje o apelo aos indecisos, depois de em Santa Maria da Feira se ter enganado e pedido o voto em Pedro Nuno Santos, que rapidamente corrigiu, mas que se tornou viral e até já foi comentada pelo secretário-geral do PS.
“No próximo dia 10 de março, indecisos deste país não se confundam: o voto é mesmo no – ouçam bem – Luís Mon-te-negro, Luís Mon-te-negro, Luís Mon-te-negro. Pronto”, declarou, olhando para as mesas da comunicação social e apelando a que agora também divulguem esta sua mensagem.
Nuno Melo destacou a presença de Rui Moreira no almoço, considerando-o “uma estrela talismã” para a campanha da AD: “As coisas a partir daqui só podem correr bem.”
O líder do CDS-PP assinalou ainda a presença do primeiro-ministro António Costa na campanha do PS, ainda hoje, e apelou a que não falem apenas no passado de PSD e CDS-PP – de que disse todos terem orgulho” -, mas também no dos socialistas, “que em muitos casos é cadastro”.
“A culpa não é do Passos nem do Portas, é mesmo do Pedro Nuno Santos e do dr. António Costa”, disse.
No almoço, marcaram presença dirigentes sociais-democratas como Paulo Rangel ou Pedro Duarte, o ex-ministro Mira Amaral, o antigo vice-presidente social-democrata Marco António Costa e figuras do CDS-PP como Álvaro Castello-Branco ou João Almeida.
No distrito do Porto, o PSD perdeu um deputado em 2022, tendo conseguido 14 deputados, contra 19 do PS.
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