“A situação na Síria é complexa [com o fim do regime do Presidente Bashar al-Assad], mas a Rússia defende os seus interesses de forma consistente, e em particular no que diz respeito às suas bases militares”, disse o presidente do Comité de Defesa da Duma (Câmara dos Deputados), Andrei Kartapolov, à agência russa Interfax.
O legislador recordou a “retirada desvantajosa” das tropas soviéticas da Alemanha e de outros países, após a implosão da então União Soviética (em 1991), e apelou a “não se fazerem quaisquer gestos de boa vontade”.
“Devemos defender os interesses do nosso país, aos quais, a rigor, o nosso Presidente (Vladimir Putin) se dedica”, concluiu.
Por sua vez, o vice-presidente do Senado russo, Konstantin Kosachev, escreveu na rede social Telegram que os acontecimentos na Síria “são um golpe muito duro para todos, sem exceção”.
“De uma forma ou de outra, a guerra civil não terminará hoje, há muitos interesses conflitantes e forças opostas. Incluindo grupos abertamente terroristas. E é por isso que o mais difícil ainda está por vir”, alertou.
O senador deu a entender que a Rússia está a lavar as mãos do conflito.
“Mas se o povo da Síria continuar a precisar do nosso apoio, continuará a tê-lo. Caberá aos sírios enfrentá-lo eles próprios”, disse.
Por seu lado, o presidente do Comité de Relações Exteriores da Duma, Leonid Slutski, sublinhou que a Rússia continua a defender “a integridade territorial da Síria, o diálogo inclusivo e os mecanismos democráticos para a transferência de poder através de meios pacíficos”.
O deputado disse hoje à imprensa que “a Síria atravessa um período complexo e trágico” desde que ocorreu “o derrube do Governo com recurso a forças extremistas”.
“Isto representa, sem dúvida, um impacto para toda a região tendo em conta os múltiplos fatores de instabilidade no Médio Oriente”, afirmou.
Slutski salientou que, até agora, “a variante mais sangrenta do desenvolvimento dos acontecimentos foi evitada” graças ao facto de o primeiro-ministro sírio, Mohamed Ghazi al-Jalali, ter prometido aos rebeldes uma transição pacífica.
“Mas ninguém pode garantir que os confrontos terminarão assim”, alertou.
Na véspera, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, garantiu que a Rússia continuaria a apoiar militarmente a Síria e negou uma alegada retirada da base naval russa em Tartus, salientando que as forças ali estacionadas estão atualmente a realizar manobras na região oriental do Mar Mediterrâneo.
Os rebeldes declararam hoje Damasco “livre” do Presidente Bashar al-Assad, após 12 dias de ofensiva lançada por uma coligação liderada pelo grupo islâmico Organização de Libertação do Levante (OLL), juntamente com outras fações apoiadas pela Turquia, para derrotar o governo sírio.
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