O anúncio foi feito no decorrer de uma campanha de bombardeamentos russos que destruiu, em pouco mais de uma semana, 30% das centrais elétricas da ex-república soviética, segundo as autoridades de Kiev.
Os ataques são a resposta a uma contraofensiva que permitiu às forças ucranianas recuperar milhares de quilómetros quadrados no sul e no leste, conquistados pelas tropas russas após a invasão ao país, em 24 de fevereiro.
O general Sergei Surovikin, que assumiu o comando das tropas russas na Ucrânia há 10 dias, ordenou a preparação de uma operação de retirada dos civis de Kherson (sul), principal cidade da região homónima, anexada por Moscovo.
"O Exército russo irá garantir, antes de tudo, a evacuação segura da população" de Kherson, onde os bombardeamentos ucranianos à infraestrutura civil "criam uma ameaça direta", declarou Surovikin ao canal público Rossiya 24. "A situação na zona da operação militar especial pode ser descrita como tensa. O inimigo não cede às tentativas de atacar as posições das forças russas", descreveu.
O Exército russo tinha relatado anteriormente um avanço na região leste de Kharkiv, o primeiro desde o lançamento da contraofensiva ucraniana, no começo do verão.
"Desde 10 de outubro, 30% das centrais ucranianas foram destruídas, o que provocou cortes de eletricidade em todo o país", tuitou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
"Atualmente, 1.162 localidades (...) estão sem eletricidade", informou o porta-voz dos serviços de emergência, Oleksandr Khorunzhyi, depois da Rússia ter atacado novamente a infraestrutura energética. Nos últimos dias, a Rússia realizou cerca de "190 bombardeamentos com mísseis, drones suicidas e artilharia em 16 regiões ucranianas", apontou Khorunzhyi. Na ofensiva, 70 pessoas foram mortas e 240 ficaram feridas, acrescentou.
Após os ataques de terça-feira, Volodimir Zelensky reiterou a recusa a negociar com o presidente russo, Vladimir Putin. A intenção das tropas de Moscovo, denunciou, é "aterrorizar e matar civis".
O Exército russo confirmou que bombardeou infraestruturas de energia ucranianas. Várias localidades da região de Zhytomyr, a oeste de Kiev, e a cidade de Dnipro ficaram sem energia elétrica.
"A situação é atualmente crítica em todo o país, porque as nossas regiões dependem umas das outras", declarou o representante da presidência Kirilo Tymoshenko. "Todo o país deve preparar-se para cortes no fornecimento de energia, água e aquecimento", acrescentou.
Os ataques russos das últimas horas atingiram Kiev, Kharkiv (leste), Mikolaiv (sul) e as regiões de Dnipro e Zhyomyr (centro). "A cidade não tem energia elétrica nem água", afirmou o autarca de Zhyomyr, Serguei Sukhomlin. "Os hospitais funcionam com energia de reserva."
A Ucrânia acusou o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) de negligenciar o destino dos prisioneiros ucranianos capturados pelos russos, os quais a organização internacional ainda não visitou. "Infelizmente, a cada intercâmbio constatamos que a falta de ação do CICV levou os nossos prisioneiros de guerra e reféns civis a serem torturados diariamente mediante a fome e a eletrocussões", afirmou o encarregado de direitos humanos ucraniano Dmytro Lubinets.
A Ucrânia afirmou que a Rússia utiliza drones suicidas de fabrico iraniano nos seus ataques e pediu que sejam impostas novas sanções contra Teerão. O Ministério da Defesa ucraniano afirmou que as suas tropas derrubaram 38 desses aparelhos não tripulados modelo Shahed-136 de fabrico iraniano, nas últimas 24 horas.
Segundo Volodimir Zelensky, "o fato de a Rússia pedir ajuda ao Irão é o reconhecimento do Kremlin de fracasso militar e político". O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irão, Nasser Kanani, afirmou que essas acusações "não têm fundamento" e "são baseadas em informações falsas".
O governo russo indicou que ignorava se o seu Exército usava drones iranianos na Ucrânia. "É usada tecnologia russa com nomes russos", afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
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