Ljubomir Stanisic, um dos rostos do movimento "A Pão e Água", foi ontem hospitalizado, depois de seis dias em greve de fome.
Ao Expresso, o chef disse que a hospitalização se deveu a “uma grande queda de glicemia, excesso de cansaço e falta de alimentos”. “O fígado estava a começar a ficar afetado", contou.
No entanto, Ljubomir Stanisic fez questão de voltar ao protesto, pelo que assinou um termo de responsabilidade e regressou ao acampamento junto à Assembleia da República. "Sabem que sou como o bambu: torço mas não quebro”, concluiu.
Vários foram os elementos do grupo sob observação médica no local, mas só o caso de Ljubomir Stanisic obrigou a hospitalização.
O Governo anunciou, na semana passada, as medidas de contenção da pandemia da covid-19 para o novo período de estado de emergência: nas vésperas dos feriados, o comércio encerra a partir das 15:00 em 127 concelhos do continente classificados como de risco “extremamente elevado” e “muito elevado” e mantêm-se os horários de encerramento do comércio às 22:00 e dos restaurantes e equipamentos culturais às 22:30 nestes concelhos e em mais outros 86 considerados de “risco elevado”.
Na sequência destas decisões, um grupo, que junta empresários e trabalhadores da restauração e similares, encontra-se em greve de fome há sete dias, acampado em frente ao parlamento, em instalações improvisadas, com tendas e aquecedores. Estes garantem que o protesto é para continuar até que o Governo os receba.
Afinal, os manifestantes foram ou não recebidos pelo Governo?
O primeiro-ministro quando interrogado se aceita falar com os manifestantes em greve de fome, referiu que, entre o grupo que protesta, o cidadão que tem visto mais vezes falar nas televisões “é o senhor José Gouveia”, que ainda no passado dia 18 esteve numa reunião com os secretários de Estado do Turismo e do Comércio.
O gabinete do ministro de Estado, da Economia e Transição Digital lembrou que, em 18 de novembro, o secretário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor (SECSDC) e a secretária de Estado do Turismo reuniram com a Associação Nacional de Discotecas, “representada por José Gouveia e Alberto Cabral”, duas das pessoas “que se encontram em protesto em frente à Assembleia da República”.
Em declarações hoje à agência Lusa, José Gouveia criticou as declarações de António Costa. O presidente da Associação Nacional de Discotecas disse ser verdade que reuniram com os secretários de Estado, onde lhes foi dito que o Governo não tinha liquidez, e que na terça-feira recebeu um email para continuação de reunião que já tinha sido dia 18.
“Na anterior reunião foi-nos dito que não havia dinheiro, e, portanto, nesse sentido não havia forma de nos apoiarem. Para quê falar com estes secretários de Estado. Queremos ter Siza Vieira presente nem que seja para dizer fechem as empresas porque o Estado não vos vai apoiar”, disse.
José Gouveia criticou também as declarações do ministro da Economia, Siza Vieira de que não recebia ninguém que não tivesse um papel associativo.
“Siza Vieira ignorou-me, ignorou o meu papel associativo enquanto presidente da ADN ao prestar declarações de que não recebia ninguém que não tivesse papel associativo e por isso ia receber a Confederação do Turismo e Confederação do Comercio ontem e hoje”, disse.
José Gouveia sublinhou que o ministro da Economia podia recebê-lo pelo menos a ele, que é elemento associativo.
“Parece-me que há aqui uma birra do governo porque se dizem não receber ninguém que não tenha papel associativo então se existe aqui alguém com esse papel e que ele diz haver porque não recebe”, questionou.
Este elemento do movimento disse também que não é verdade que as empresas tenham sido apoiadas e que esses apoios estejam a ser feitos.
“Temos aqui representantes de várias empresas que não receberam um euro no processo todo. Não podemos considerar o ‘lay-off’ como um apoio porque foi transversal a todos os setores da economia. Algumas empresas estão a pagar um terço dos ordenados sem receitas é a entrada que contribui para a falência técnica”, sublinhou.
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