António Leitão Amaro, que falava hoje em conferência de Imprensa no final da reunião do Conselho de Ministros, disse relativamente à greve dos técnicos de emergência pré-hospitalar, que "tecnicamente não se trata de uma greve, mas de uma recusa" ao trabalho extraordinário.
“Encontrámos no aparelho do Estado, no caso da emergência médica, uma enorme dificuldade e degradação da capacidade de resposta”, disse, apontando a falta de recursos humanos e de capacidade operacional como os principais problemas.
Segundo o ministro da Presidência, o “sistema de emergência médica tem de funcionar e é crítico para a segurança, para a perceção de segurança e para a saúde dos portugueses”, pelo que o atual executivo promete, “passo a passo, corrigir estes problemas”.
O governo adquiriu 300 veículos de emergência em agosto (dois terços dos quais entregues ao INEM), foram abertas mais 200 vagas para técnicos e está prevista a ampliação do prazo de contratualização dos helicópteros.
Leitão Amaro admitiu que entre os problemas detetados está a “desvalorização e perda da atratividade da função de técnico de emergência médica”.
Quanto ao reforço de 200 técnicos quando o INEM tem um défice de cerca de 700 profissionais, o ministro explicou que o concurso está limitado à capacidade de formação dos quadros.
“Podem ser contratados tantos quantos podem passar pelo processo de formação”, disse Leitão Amaro.
“É preciso salvar, resgatar e recuperar o INEM”, com “mais gente nos centros de atendimento telefónico”, acrescentou.
Sobre o contrato dos helicópteros, Leitão Amaro referiu que a Força Aérea foi chamada ao processo para que possa ter uma “intervenção futura”, sem explicar em que moldes.
Pelo menos três pessoas morreram nos últimos dias na sequência de alegados atrasos no atendimento do INEM.
Um dos casos, que ocorreu na freguesia de Molelos, Tondela, foi o de uma mulher de 94 anos em paragem cardíaca, em que um familiar conseguiu ligar para a linha 112 às 09:34, mas a chamada só foi transferida para o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) às 10:19, cerca de 45 minutos depois.
Segundo o Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH), a mulher ainda foi transportada para o centro hospitalar de Lamego, onde foi declarado o óbito.
O segundo caso ocorreu na quinta-feira em Bragança, quando um homem morreu em paragem cardíaca.
O terceiro caso foi divulgado hoje pelo jornal Público, que adianta que o INEM não atendeu o pedido de socorro de uma mulher.
Segundo o jornal, a mulher sentiu-se mal quando estava a ser ouvida no Tribunal de Almada. Os serviços estiveram hora e meia a tentar contactar INEM e a PSP acabou por transportá-la para o Hospital Garcia da Orta, onde morreu.
O governante afirmou: "De uma forma muito construtiva, muito respeitadora das posições que cada entidade tem e os que representam os trabalhadores e os técnicos de emergência médica vimos pedir-lhes: confiem em nós, vamos juntos - governo e técnicos de emergência médica - dar a segurança ao país. [Os portugueses devem] confiar que ligam e tenham a chamada atendida. É chamado um veículo de emergência, ele existe e está disponível para os casos de verdadeira emergência. (...) Vamos juntos pôr o INEM a funcionar muito melhor do que as condições muito complicadas que herdámos do governo anterior".
"O que é que lhes precisamos de pedir? Confiem em nós que estamos a fazer isso e também estamos disponíveis para essas conversações e esse diálogo para a sua valorização. Enquanto estas medidas, que não se conseguem tomar todas de um dia para o outro, entram em funcionamento, nós precisamos do esforço de todos, do envolvimento máximo de todos e da disponibilidade de todos para o mais importante que existe na missão do INEM e na missão do Estado, que é servir os portugueses" - apelou o ministro.
Centralização das contratações de médicos e profissionais
A reformulação "em ULS não funcionou" sublinhou o governante defendendo a reestruturação do SNS e a contratação centralizada de médicos, discutida na reunião de hoje do Governo.
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