“As senhoras e os senhores sabem, eu sou independente, mas sabem que o meu coração é laranja, e no futebol é verde”, afirmou o presidente da Câmara da Figueira da Foz no último painel das jornadas parlamentares do Chega, em Coimbra.

Santana Lopes agradeceu o convite, manifestando “muito gosto e muita honra”, e salientou que, apesar de ser independente, não renega as suas convicções.

O antigo primeiro-ministro do PSD disse que o Chega “está a suscitar imensa atenção” e assinalou o “imenso interesse” que causou esta aceitação do convite.

Fazendo um paralelismo com a participação do ex-presidente da Assembleia da República Augusto Santos Silva na ‘rentrée’ do BE, o autarca figueirense considerou que nessa altura “não despertou interesse praticamente nenhum”.

Sobre a corrupção, o tema das jornadas parlamentares do Chega, Santana disse acreditar que “as pessoas, por natureza, por princípio, são boas, são bem formadas” e que este fenómeno deve ser abordado como “algo que deve ser excecional”, mas que existe em “muitos setores”, não só na política.

“Não olho para Portugal obviamente como um país de santos mas quero continuar a acreditar que fenómenos como estes não são a regra nem são generalizados”, afirmou.

Santana Lopes defendeu que “a corrupção é de facto das coisas mais horríveis que pode haver numa sociedade”, considerando que “quem seja condenado efetivamente por corrupção nunca mais pode exercer um cargo político”.

Na ótica do antigo primeiro-ministro, “o problema em Portugal tem sido que os casos de corrupção verdadeiramente existentes não têm as consequências que deveriam ter no tempo devido e como exemplo para toda a sociedade”.

O autarca sustentou que “onde tem de haver maior eficácia é a prevenção”, mas também se mostrou favorável ao aumento das penas.

No mesmo painel, o antigo ministro dos Assuntos Parlamentares Rui Gomes da Silva disse estar convicto de que “Luís Montenegro será o último primeiro-ministro do PSD” e considerou que o Chega “é hoje uma ameaça a essa alternância” de poder entre sociais-democratas e socialistas.

O ainda militante do PSD que já marcou presença noutras jornadas do Chega lamentou também que quando “aparecem pessoas na política a querer mudar de políticos e a querer mudar de políticas são acusados de extremistas, populistas”.

Rui Gomes da Silva comparou André Ventura a Francisco Sá Carneiro ou Cavaco Silva por “jogar fora do bloco central de interesses”.

O antigo governante elogiou também a intervenção do presidente do Chega na sessão solene evocativa do centenário do nascimento de Mário Soares. O social-democrata classificou como uma “grande intervenção” e considerou que aquilo que “André Ventura disse não era mais do que aquilo que o PPD/PSD de 1976, 1977 pensava”.