“Temos de perceber porque nós, partidos, e não apenas o PS em particular, não estamos a conseguir dar resposta, até porque o Chega, no caso específico de Santarém, é a segunda força política em alguns concelhos”, afirmou Hugo Sousa, em declarações à Lusa.
Hugo Sousa, que estava em segundo lugar na lista do PS ao círculo eleitoral de Santarém, atrás da antiga ministra Alexandra Leitão, destacou ainda que os socialistas devem olhar “com muita atenção” para os concelhos que perderam para o Chega (Benavente e Salvaterra de Magos) e tentar perceber “por que razão as pessoas estão desesperadas e votam em partidos extremistas”.
O PS venceu as eleições de domingo no distrito de Santarém com uma margem mínima de 0,5 pontos percentuais sobre a Aliança Democrática (AD, que junta PSD, CDS-PP e PPM), obtendo 27,85% contra 27,28%, respetivamente.
Os socialistas, que em 2022 saíram vitoriosos em 20 dos 21 concelhos do distrito, perderam no domingo cinco concelhos para a AD e dois para o Chega, registando uma queda de 13% relativamente às eleições de 2022.
De qualquer forma, Hugo Sousa considerou que os socialistas alcançaram “um bom resultado” no distrito de Santarém, salientando que é primeira vez” que o PS vence no distrito, não vencendo a nível nacional.
Apesar de o partido ter perdido dois deputados, passando de cinco para três, o socialista insistiu que “uma vitória é uma vitória” e que, “atendendo ao resultado nacional”, a prestação do PS em Santarém foi positiva.
Também em declarações à Lusa, João Moura, presidente da Federação Distrital de Santarém do PSD e que foi eleito deputado no domingo nas listas da AD, considerou, por outro lado, que os resultados das legislativas “demonstram que os portugueses não querem mais o Partido Socialista à frente dos destinos do país”.
Em Santarém, acrescentou, os resultados são também “um valente cartão amarelo à governação do PS” que, nos últimos anos, deixou o distrito “cheio de desinvestimento”.
João Moura deixou ainda críticas à Comissão Nacional de Eleições, referindo que a confusão entre a AD e o partido ADN (Alternativa Democrática Nacional) foi “particularmente grave no distrito de Santarém”, uma vez que “as duas siglas estavam imediatamente uma a seguir à outra”, havendo “exemplos práticos e concretos de pessoas que se enganaram”.
Por sua vez, o cabeça de lista do Chega por Santarém, Pedro Frazão, atribuiu a eleição de três deputados no distrito “às bandeiras políticas na defesa das tradições, da agricultura e da família”, que são temas que "tocam bastante no coração das pessoas”.
O Chega consolidou a sua posição como a terceira força politica na região ao conseguir 23,32% dos votos, um aumento de 12 pontos percentuais face ao valor registado nas eleições legislativas de 2022.
Também em declarações à Lusa, Pedro Frazão, que é vereador da Câmara Municipal de Santarém, considerou ainda que os resultados positivos do Chega nas eleições de domingo, inclusive no distrito de Santarém, devem-se igualmente à transferência de votos dos abstencionistas para o partido.
“Esta mobilização está relacionada com o fenómeno do Chega e com a nova frescura política de André Ventura [líder do partido] em Portugal”, acrescentou.
A AD conseguiu 79 deputados na Assembleia da República, nas eleições legislativas de domingo, contra 77 do PS (28,66%), seguindo-se o Chega com 48 deputados eleitos (18,06%).
A IL, com oito lugares, o BE, com cinco, e o PAN, com um, mantiveram o número de deputados. O Livre passou de um para quatro eleitos enquanto a CDU perdeu dois lugares e ficou com quatro deputados.
Estão ainda por apurar os quatro lugares da emigração na Assembleia da República, que o PS ganhou em 2022, com três mandatos.
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