“Neste momento, ninguém compreenderia que, podendo ajustar a passagem da linha [ferroviária] a Santo Ovídio, não houvesse um ‘interface’ com as duas linhas de metro e um ‘interface’ com o transporte público, transformando Santo Ovídio numa grande central distribuidora de transporte público”, afirmou.
A informação foi avançada pelo autarca na Assembleia Municipal de Vila Nova de Gaia, que decorreu na quinta-feira à noite, onde Eduardo Vítor Rodrigues revelou que, "ao contrário do que foi o projeto deixado finalizado pela câmara municipal anterior, em 2009, que previa que os gaienses tivessem de se deslocar a Campanhã para apanhar o TGV ou, em alternativa, deslocarem-se a Aveiro, o projeto de TGV que vai ser lançado inclui uma estação intermodal em Santo Ovídio".
"Ninguém nos perdoaria se em Santo Ovídio não tivéssemos a grande Montparnasse da região Norte e de Vila Nova de Gaia", assinalou na altura o autarca, numa alusão à estação ferroviária de Paris.
Confrontado hoje pela Lusa no final da reunião do Conselho Metropolitano do Porto (CmP), Eduardo Vítor Rodrigues adiantou que o processo de conversação com a Infraestrutura de Portugal (IP), dona da obra, ficou encerrado ainda no outono de 2021, tendo agora vindo a público, numa altura em que o Plano Diretor Municipal está em revisão e estão a ser discutidos as interfaces intermodais.
Salientando que a versão inicial do projeto do TGV não previa uma estação em Gaia, o autarca defendeu que para o município esta infraestrutura era “absolutamente decisiva”, tendo trabalhado com a IP no sentido de os convencer dessa importância.
No projeto inicial, a partida do TGV era feita de Campanhã, sendo que a primeira paragem era Aveiro.
“Aquilo que me competiu, foi durante este tempo, provar que fazia todo sentido, uma dupla paragem neste contexto. A travessia não é paralela ao mar, é uma linha totalmente nova, mas é uma linha que desvia o TGV da orla marítima onde ele neste momento circula, em Espinho e Gaia, para o interior do concelho”, esclareceu.
E acrescentou: “para nós era absolutamente decisivo ter uma estação em Gaia, ninguém compreenderia que o município mais populoso da área metropolitana tivesse que se fazer deslocar-se para Campanhã ou para Aveiro”, reiterou.
Indicando que os estudos de procura estão a ser elaborados pela IP, o autarca esclareceu ainda que o argumento utilizado para convencer da relevância da estação de Santo Ovídio em Gaia prendeu-se com a velocidade, que entre Campanhã e Gaia não poderia ser muito elevada, uma vez que a travessia será feita através de uma ponte “espelho” junto à Ponte de São João.
“Parar em Gaia foi tecnicamente plausível porque o argumento que foi utilizado e sufragado pelos técnicos foi o de que o TGV não ganha velocidade nenhuma entre Campanhã e Gaia. Desloca-se a velocidade normal porque faz uma travessia de ponte, e a velocidade que ganha é a partir de Gaia”, concretizou, acrescentando que esta é uma “grande conquista” para o município que lidera.
O vereador do Urbanismo da Câmara do Porto, Pedro Baganha, revelou, na segunda-feira, que a linha de alta velocidade deverá passar numa ponte “paralela” e “gémea” à de São João, com Campanhã a ser o “grande terminal ferroviário”.
“Não existe um projeto, existe esta definição e o reconhecimento de que a ponte São João [travessia sobre o rio Douro que liga o Porto e Gaia] não chega para o incremento desse transporte, o que vai obrigar a uma ponte paralela (…). O que nos foi apresentado foi uma antevisão (imagem) que reproduz a ponte São João com uma gémea paralela e o que se está a definir é esse caminho”, afirmou à data Pedro Baganha, à margem da reunião do executivo da Câmara do Porto.
Em declarações aos jornalistas, o vereador esclareceu que a localização do canal ferroviário de alta velocidade foi definida pela Infraestruturas de Portugal (IP) e pelo Governo.
“A IP e o Governo chegaram à conclusão de que o canal, pelo menos no que diz respeito ao concelho do Porto, deve ser paralelo ou até mesmo quase coincidente com o que já existe, ou seja, ali entrará por Campanhã, o que vai obrigar necessariamente, por condicionamentos técnicos, a duplicarmos a ponte São João”, notou.
Segundo Pedro Baganha, Campanhã será “o grande terminal ferroviário” do novo canal no município do Porto e o grau de incerteza que existe de momento prende-se com o “desenvolvimento das linhas a Norte do Porto”..
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