“Sobre o veto à minha presença na apresentação do relatório da OCDE em Portugal, houve um telefonema do secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, com o presidente do Eurogrupo [Mário Centeno], em que foi manifestado um desagrado relativamente à minha presença na apresentação do relatório”, indicou Álvaro Santos Pereira na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, na Assembleia da República, em Lisboa.
No dia da apresentação do relatório, em 18 de fevereiro, o secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), Angel Gurría, indicou aos jornalistas que foi sua a sugestão de que Álvaro Santos Pereira não estivesse presente na conferência de imprensa, pois “não gostaria que esta fosse sobre Álvaro em vez de Portugal”.
Em causa estavam referências a processos como a Operação Marquês e sugestões como o aumento do orçamento antifraude e anticorrupção da Justiça, como noticiaram o Observador e o jornal Expresso, que tinham tido acesso ao rascunho inicial do documento.
Na comissão de hoje no parlamento, quando questionado sobre se havia referências no relatório inicial da OCDE a casos concretos de corrupção em Portugal, Álvaro Santos Pereira declarou que “tiraram-se algumas referências”, acrescentando que “havia escândalos que envolviam um ex-primeiro-ministro e alguns empresários”, mas frisando que “a OCDE não fala em casos em concreto”.
Na altura da apresentação do relatório, em 18 de fevereiro, uma segunda-feira, chegou a estar agendada uma segunda conferência de imprensa no dia seguinte, de apresentação da parte técnica do relatório e na qual Álvaro Santos Pereira seria um dos oradores, que acabou por não se realizar.
“Certamente a apresentação da parte técnica do relatório será feita mais à frente”, referiu hoje o antigo ministro da Economia do governo liderado por Passos Coelho.
Álvaro Santos Pereira foi hoje ouvido na qualidade de relator do relatório da OCDE sobre as perspetivas económicas para Portugal - Economic Survey - 2019, na parte que se refere à reforma da justiça e à corrupção, a requerimento do PSD.
O antigo ministro coordenou o relatório na qualidade de diretor de Estudos Nacionais da OCDE.
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