O recinto do Santuário de Fátima atingiu a ocupação limite por volta das 20h30, confirmou ao SAPO24 fonte oficial.
Do lado de fora das portas, os peregrinos acumulavam-se a pedir informações à GNR. Outros depressa encontraram lugar onde instalar bancos portáteis, para conseguir ouvir a celebração nas imediações.
Sentados em fila junto à parede de uma loja de artigos religiosos, um grupo de 31 peregrinos do Alentejo aguardava o início das celebrações.
“Chegámos às oito e qualquer coisa e já não nos deixaram entrar. Viemos de Elvas esta manhã, de autocarro. Estivemos no Santuário em oração e depois fomos aos Valinhos fazer a Via Sacra, estamos hospedados a 6 km daqui”, explicou ao SAPO24 Maria de Fátima Magalhães.
“Agora estamos aqui e estamos bem, alguém tinha de ficar de fora e tocou-nos a nós. Daqui vamos ouvir, se Deus quiser, daqui rezamos. Somos pessoas de fé e acreditamos que Fátima não é um sítio para estar confortável. É um sítio para reconfortar a alma e o sacrifício também faz falta”, acrescenta.
Além disso, diz, o mais importante é continuar em peregrinação. “Estamos na casa da Mãe e a Mãe está a ver-nos”.
Em passos apressados, muitos foram os peregrinos que se tentaram afastar das entradas. Joana Costa e a família assim seguiam.
“Viemos de propósito hoje, de Lisboa, mas a nossa postura este ano foi querer vir marcar presença. Fomos ao Santuário logo depois de estacionarmos o carro num dos parques, fomos pôr as nossas velas e fomos à Nossa Senhora. Fizemos aquilo que queríamos ter feito nessa altura, para se corrêssemos este risco [de ficar de fora] não irmos para casa sentindo-nos incompletos”, diz.
Contudo, é um sentimento misto e também uma questão de perspectivas, face ao ano passado. “É claro que gostaríamos de ter conseguido entrar, mas não vamos daqui propriamente infelizes. É aceitar para não irmos desmoralizados. Duro foi o ano passado não termos podido cá vir, este ano pelo menos já nos deixaram cá chegar”, remata.
Para acompanhar a cerimónia, a família de Joana pretendia instalar-se “num sítio onde se possa pelo menos ouvir e eventualmente ligar no telemóvel para ver algumas imagens”.
Numa outra entrada do lado sul do Santuário, um grupo falava em roda, visivelmente frustrado com a situação.
Os peregrinos, que chegaram de Guimarães depois de seis dias a caminhar, confundem as vozes enquanto falam. Marco, Hélder, Jorge e Nuno são da mesma opinião, enquanto os restantes acenam com a cabeça. “É muito frustrante”.
“O direito é para toda a gente, mas para um peregrino que vem seis ou sete dias a caminhar, com sacrifício, é qualquer coisa de inexplicável”, aponta um.
Além disso, olham para as pessoas que se acumulam nas entradas. “Há mais gente cá fora do que lá dentro. Duvido que esteja mesmo cheio, porque há pessoas que da parte da tarde estiveram ali a guardar lugar e deixaram as coisas, saíram para ir ao hotel e agora não conseguem entrar. Lá dentro há espaço para respeitar, mas e aqui fora? Então mais vale deixarem entrar”, aponta outro dos peregrinos.
No fim, ficam algumas questões. "As pessoas fazem perguntas: qual é a lotação do espaço e o que é que a DGS permite. Isto está muito aquém”.
“Se houver alguma brecha vamos ver se conseguimos entrar, mas vamos tentar ficar por aqui pelo menos”, rematam.
A peregrinação internacional de maio ao Santuário de Fátima, que hoje começa, é presidida por D. José Tolentino Mendonça, bibliotecário e arquivista do Vaticano.
A peregrinação, 104 anos depois dos acontecimentos na Cova da Iria, começou às 21:30 com a recitação do terço, seguida da procissão das velas e celebração da palavra.
Na quinta-feira, às 09:00 é recitado o terço, realizando-se depois a missa, que inclui uma palavra dirigida aos doentes, com as celebrações a terminarem com a procissão do adeus.
As celebrações deste 12 e 13 de maio têm um limite de 7.500 pessoas, um ano depois de, pela primeira vez na história do templo, as celebrações terem decorrido sem fiéis devido à pandemia de covid-19
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