Falar de personalização ou de ‘costumização’ no Jornalismo não é novo: permitir ao leitor criar a sua primeira página (homepage), convidá-lo a referir os seus temas de interesse na aplicação que acabou de instalar no telemóvel para lhe oferecer uma listagem de conteúdos (feed) à sua medida, por exemplo. O problema? Isso dá trabalho e é por isso que as pessoas gostam tanto de algoritmos, como aqueles que são usados pelo Facebook para sugerir os artigos que ‘queremos’ ler ou as pessoas que ‘queremos’ seguir.
No entanto, a norueguesa Schibsted - grupo que detém marcas de informação como o Aftonbladet, Aftenposten ou VG - acredita que é preciso “repensar o Jornalismo como algo pessoal para se manter relevante”, pelo que está a empurrar a empresa para um próximo nível e, pelo meio, a inspirar a indústria para novas soluções.
A Schibsted quer garantir que cada utilizador da sua aplicação tem um editor personalizado e inteligente. Como? Um ‘mix’ entre inteligência artificial, algoritmos, bots e, claro, conteúdo de qualidade e ferramentas editoriais que o permitam categorizar e distribuir corretamente.
O sistema é complexo, e "a ambição é grande", reconhece Espen Sundve, gestor de produto da Schibsted, que apresentou o projeto na Digital Media Europe 2017, que decorreu de 24 a 26 de abril, em Copenhaga, e que o SAPO24 esteve a acompanhar.
E no que se traduz esta ambição? Imagine que o seu editor inteligente e personalizado “conhece” os seus gostos e “sabe” as suas rotinas, conseguindo dessa forma sugerir-lhe o conteúdo certo, no momento mais apropriado, abandonado desta forma a lógica de “tamanho único" [one size fits all], em que uma solução é igual para todos, sem ter em consideração a especificidade de cada utilizador.
Uma vez definida a visão, a Schibsted colocou toda a empresa a rumar para o mesmo lado, com a equipa técnica e de produto a trabalhar com as redações das várias publicações no sentido de definir o que é - e o que deve ser - este Jornalismo Personalizado.
“O objetivo é usar tecnologia para fazer Jornalismo melhor do que alguma vez fizemos”, diz Espen, ressalvando que esta personalização não deve sacrificar o valor e a missão do Jornalismo em si, ou seja, “não apenas dar ao utilizador aquilo que ele quer saber, mas o que deve saber”.
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