“Na minha perspetiva, eu acho que se continuarmos com o exemplo de cidadania que hoje aqui estamos a ver, com o exemplo de cidadania que temos visto nos portugueses ao longo destes meses de vacinação, eu acho que não há nada para tornar obrigatório, porque os portugueses aderem por si só a estas mensagens de sensibilização”, afirmou Lacerda Sales.

O governante falava aos jornalistas após visitar o centro de vacinação contra a covid-19 em Leiria e depois de ser questionado sobre as declarações do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que hoje disse, face à adesão “tão grande” à vacinação, que “não se coloca em Portugal a questão” de ter de ser obrigatória.

Escusando-se a comentar as palavras do chefe de Estado, António Lacerda Sales argumentou ainda não ser “jurista nem constitucionalista” para se pronunciar sobre essa matéria.

Contudo, destacou que “os portugueses têm uma cultura de sensibilização muito grande à vacinação e é histórica, não é de agora”.

“Temos um plano de vacinação com uma cobertura superior a 97, 98 por cento. Portanto, os portugueses estão habituados a aderir à vacinação, aderem à vacinação histórica e culturalmente”, prosseguiu.

António Sales destacou ainda que se atingiu “a meta de um milhão e meio de pessoas vacinadas” com a dose de reforço contra o novo coronavírus “14 dias antes” da data com a qual o Governo se tinha comprometido.

“Isso deve-se, de facto, ao tal enorme esforço de planeamento e a um enorme esforço dos portugueses”, declarou, referindo que “esta almofada temporal” permite “vacinar, até ao Natal, mais gente dentro das faixas elegíveis”, para que “haja um menor impacto possível sobre a época do Natal nas famílias” e também “um menor impacto possível sobre os serviços de saúde”.

À pergunta se espera este grau de adesão, caso a Direção-Geral da Saúde entenda vacinar crianças com menos de 12 anos, o secretário de Estado respondeu que primeiro é necessário o parecer da Comissão Técnica de Vacinação.

“Espero, também, que haja uma adesão grande por parte dos pais das crianças, porque estamos a falar de crianças ainda sem autonomia para poderem decidir”, assinalou, frisando que a vacinação “é feita com segurança e tem eficácia, isso é que é importante”.

Hoje, as pessoas com mais de 50 anos a quem foi administrada a vacina da Janssen começaram a receber uma segunda dose para reforçar a sua imunidade contra o coronavírus SARS-CoV-2.

O Presidente da República declarou-se hoje feliz com a adesão dos portugueses à vacinação contra a covid-19, "sem necessidade de vacinação obrigatória", e afirmou esperar o mesmo relativamente às crianças, ressalvando que está dependente das autoridades sanitárias.

"Estou feliz por saber que hoje mesmo está prevista a vacinação de dezenas de milhares de portugueses e que a adesão é tão grande que não se coloca em Portugal a questão de ter de haver vacinação obrigatória. Os portugueses percebem que devem vacinar-se, sem necessidade de vacinação obrigatória", declarou o chefe de Estado aos jornalistas, em Cascais, Lisboa.

Portugal já administrou mais de 1,5 milhões de doses de reforço da vacina contra a covid-19 e mais de 2,06 milhões de doses contra a gripe, anunciou hoje a Direção-Geral de Saúde.

Secretário de Estado muito preocupado com tendência crescente

O secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, disse ainda estar muito preocupado com a “tendência crescente” da pandemia de covid-19 em Portugal.

“Estamos, claro, muito preocupados. Estamos com 374 de índice de incidência por 100.000 habitantes a 14 dias. Estamos com um índice transmissibilidade de 1,13, portanto, ainda superior a 1. E é claro que isso nos preocupa por ter uma tendência crescente”, afirmou aos jornalistas António Lacerda Sales, em Leiria, onde hoje visitou o centro de vacinação contra a covid-19.

O governante insistiu na necessidade de acelerar a vacinação e o reforço da testagem, assim como no “controlo de fronteiras, com a obrigação do teste à chegada”.

Afirmando-se, igualmente, preocupado com os serviços de saúde, o secretário de Estado adiantou que foi pedido “a todos os hospitais e a todos os serviços de saúde planos de contingência” e que “as escalas de banco estivessem asseguradas”.

“Pontualmente, há um outro hospital que ainda precisa de poder tapar uma outra escala, mas isso é perfeitamente normal no Serviço Nacional de Saúde”, declarou, garantindo que a grande maioria dos hospitais já deu as escalas fechadas até ao final do ano.

Questionado se haverá recursos humanos suficientes nos hospitais para o Natal e Ano Novo, António Lacerda Sales observou que “os recursos humanos é algo que é sempre muito exigente”.

“Eu sou profissional de saúde e tenho um grande respeito e acredito na consciência cívica dos profissionais de saúde relativamente a esta matéria e, portanto, os profissionais de saúde nunca nos abandonam e nós nunca abandonamos os profissionais de saúde”, garantiu, acrescentando que há atualmente “mais cerca de 30 mil profissionais de saúde” do que em 2015, no que classificou de “esforço enorme” de recrutamento.

Ainda assim, reconheceu que “haverá sempre em alguns locais a falta de profissionais de saúde”.

“Nesses casos, cá estamos para contratar, para continuar a contratar, para suprir essas faltas. Temo-lo feito com tranquilidade, com serenidade. Sabemos que nalguns casos pontuais há problemas que se vão resolvendo, também. Isso é que é fazer a gestão de um Serviço Nacional de Saúde”, acrescentou.

[Notícia atualizada às 17:58]