“Se não fosse o perfil certo para Amadora, seguramente não teríamos aprovado”, disse depois de questionado sobre se o PSD tem dois pesos e duas medidas nas escolhas dos candidatos, isto depois do coordenador autárquico do PSD, José Silvano, ter argumentado que Suzana Garcia “não se candidata à Assembleia da República para legislar”.

“O que ele disse foi que o crivo que se faz para uma candidatura a uma autarquia, não é exatamente o mesmo crivo que se faz para uma candidatura à Assembleia da República. E não estou a falar da pessoa em concreto, estou a falar das regras”, referiu Rui Rio.

O presidente do PSD, que falava aos jornalistas no Porto à margem de uma conferência de imprensa sobre medidas para travar a pandemia da covid-19 em Portugal, acrescentou que o crivo que faz para uma candidatura a um concelho “não é rigorosamente igual ao crivo para uma candidatura de um concelho de perfil diferente”, somando ao exemplo o crivo para candidaturas a cargos diferentes.

“O perfil que se requer para candidato à Câmara do Porto, não é exatamente igual ao que se possa requerer à câmara de Lousada, Baião ou Matosinhos. O perfil para um autarca ou para a Assembleia da República é diferente”, disse.

A 7 de abril, na apresentação de mais 53 candidatos autárquicos, a escolha para a Amadora da advogada e ex-comentadora televisiva dominou a conferência de imprensa, tendo o coordenador autárquico do PSD, José Silvano, referido que Suzana Garcia é a “candidata mais indicada para ganhar” a Câmara Municipal de Amadora e que as suas posições públicas não põem em causa os valores sociais-democratas.

“A posição da Suzana Garcia - que não se candidata à Assembleia da República para legislar, mas para a Câmara da Amadora - é uma posição que, no entender do PSD e que ela própria explica, não é de castração química, mas uma terapia medicamentosa de controlo da libido e apenas para reincidentes pedófilos”, disse o coordenador autárquico.

Rio afirma ser desejável que Regiões excluam Chega de coligações

Na mesma conferência, Rui Rio reiterou que em Portugal Continental o PSD não aceita coligações com o Chega para as próximas eleições autárquicas e afirmou desejar que o mesmo princípio seja seguido nas Regiões Autónomas.

“O que estou em condições de garantir o que sempre garanti. O PSD fez um acordo de coligação com o CDS-PP – não é em todo o lado, mas onde localmente o quiserem fazer – [e] esse acordo em determinados concelhos, se houver interesse disso, se as concelhias o quiserem propor, [pode incluir] o PPM, o Partido da Terra, o Nós Cidadãos, etc., nós aceitamos. Com Chega não”, disse Rui Rio.

“Não temos tutela nas Regiões Autónomas. Aquilo que é desejável é que nas Regiões Autónomas façam o mesmo que fazemos no Continente e fazer o mesmo é não fazer coligações com o Chega”, frisou.

Questionado sobre um eventual acordo com o Chega nos Açores para as eleições autárquicas, Rui Rio remeteu a pergunta para as estruturas regionais.

“Assim que como quando foi o acordo, que não é acordo, foi o apoio parlamentar em termos de Governo da Região foi a mesma coisa. Eu não tive qualquer ação. Tinha era depois, no fim, de concordar ou discordar. E aí concordei. Esta se acontecer agora, de uma forma como vem a notícia, não concordaria, mas não sei se é assim que vai acontecer”, disse Rui Rio.

As eleições autárquicas têm de ser marcadas pelo Governo para o período entre 22 de setembro e 14 de outubro.

Em Portugal há 308 municípios (278 no continente, 19 nos Açores e 11 na Madeira), e 3.092 juntas de freguesia (2.882 no continente, 156 nos Açores e 54 na Madeira).