"Que seja um exemplo emblemático para que outras aldeias possam replicar", disse à agência Lusa a secretária de Estado Ana Godinho, congratulando-se com a ação da Ferraria de São João, no concelho de Penela, distrito de Coimbra, que após o incêndio decidiu em assembleia de moradores avançar com uma zona de proteção da povoação, arrancando eucaliptos e plantando árvores mais resistentes aos fogos na envolvente da localidade.
O Governo está já a "alocar cerca de 2,5 milhões de euros, nesta fase, para esta zona" afetada pelas chamas, a partir do programa Valorizar, de forma a ser possível fazer "rapidamente" a reposição das infraestruturas relacionadas com a atividade turística, afirmou Ana Godinho, após uma reunião pública com autarquias e operadores turísticos afetados pelo incêndio que começou em Pedrógão Grande, a 17 de junho.
O programa vai também servir para lançar "um repto" aos empresários para desenvolverem na zona afetada "projetos piloto e exemplares", como é o caso da zona de proteção da aldeia do xisto da Ferraria de São João.
Segundo a governante, os 2,5 milhões de euros são "para a ação a curto prazo", sendo que o valor "poderá aumentar, em função do desenvolvimento de mais produtos".
Agora, arranca também um plano de promoção da zona afetada - que continua com "muitíssimo para fruir" -, através de campanhas digitais a nível internacional, parcerias com imprensa e rádio, em Portugal e em Espanha, com "reportagens e guias sobre o que visitar na região", bem como campanhas com operadores turísticos para serem criados pacotes especiais, referiu.
"Há muito para fruir, mas é preciso passar uma imagem certa. Queremos transmitir o real e não falsas expectativas a quem cá vem", sublinhou, realçando que continua a ser possível ter "experiências associadas à autenticidade do destino" e que há "várias praias que continuam em operação".
De acordo com Ana Godinho, no imediato avança-se com um "plano de ação e comunicação", ao mesmo tempo que se procura "trabalhar a médio e a longo prazo na estruturação do produto turístico, na sinalização e na segurança do próprio território para garantir que se estão a fazer ações sustentáveis para o futuro e não só ações de curto prazo".
Dois grandes incêndios começaram no dia 17 de junho em Pedrógão Grande e Góis, tendo o primeiro provocado 64 mortos e mais de 200 feridos. Foram extintos uma semana depois.
Estes fogos terão afetado aproximadamente 500 habitações, 169 de primeira habitação, 205 de segunda e 117 já devolutas. Quase 50 empresas foram também afetadas, assim como os empregos de 372 pessoas.
Os prejuízos diretos dos incêndios ascendem a 193,3 milhões de euros, estimando-se em 303,5 milhões o investimento em medidas de prevenção e relançamento da economia.
Mais de dois mil operacionais estiveram envolvidos no combate às chamas que consumiram 53 mil hectares de floresta, o equivalente a cerca de 75 mil campos de futebol.
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