O tema deste ano da semana nacional da instituição tutelada pela Igreja católica é “Cáritas, O Amor que Transforma”, e as várias iniciativas programadas para estes dias irão “dar cara” a todos os que procuram diariamente a ajuda do organismo, que atende anualmente mais de 120 mil pessoas.
Em declarações à agência Lusa, a presidente da Cáritas Portuguesa recordou que no anterior peditório nacional foram angariados mais de 219 mil euros, entre cerca de 163 mil euros nos donativos de rua e outros 56 mil euros ‘online’, um valor aquém das necessidades da rede nacional.
“Quem doa também está a ser afetado pelas dificuldades da economia, quer pelo aumento do custo de vida, quer pelas taxas de juro, e isso vai, naturalmente, influenciar os donativos”, sublinhou Rita Valadas.
A presidente da Cáritas Portuguesa afirmou que gostaria que isso não acontecesse este ano, sublinhando que a “Cáritas está a precisar que seja um ano bom”, tendo em conta que “há muitas pessoas em situação de grande dificuldade e muita desesperança”.
Referiu também que gostaria que o organismo conseguisse “dar o próximo salto” e trabalhasse na integração, uma vez que isso significaria que a atuação de emergência tinha deixado de ser a “missão do dia-a-dia” e que as pessoas tinham encontrado outros caminhos.
“Esta campanha é especialmente significativa e é muito importante que as pessoas percebam que, às vezes, mesmo que seja um apoio que possam dar com pouco valor, pode fazer toda a diferença”, disse a responsável, apontando que se cada pessoa doasse um euro, o valor angariado rondaria os 10 milhões de euros.
Rita Valadas apontou que o valor angariado no peditório é depois distribuído pelas 20 cáritas diocesanas, cada uma com situações de emergência diferentes às quais têm de atender, mas que tem incluído ajudas no pagamento de contas de água, luz, gás, medicamentos ou mesmo do valor da renda de casa.
Referiu que há programas próprios e “urgências repentinas” que também são apoiados com as verbas do peditório, dando como exemplo o facto de haver cada vez mais grupos de imigrantes “que aparecem sem nada e recorrem aos serviços da Cáritas em situação de emergência para questões como alimentação e roupa”.
Rita Valadas referiu que a Semana Nacional arranca no domingo e prolonga-se até 3 de março, data em que é assinalado o Dia Nacional Cáritas, tendo outras iniciativas previstas a decorrerem em todas as dioceses e em várias paróquias.
Um dos eventos que vai marcar a semana é a apresentação de um estudo nacional dedicado às questões da pobreza, um momento que, para a presidente da Cáritas, reveste-se de particular importância já que “muitas vezes os números que saem sobre a pobreza não condizem” com aquilo que o organismo constata no terreno.
“Quando falamos de pobreza, pensamos numa coisa global, mas dentro da pobreza há níveis de severidade muito diferentes e naturalmente temos que trabalhar de maneira diferente, dependendo do nível de severidade e das necessidades que as populações têm”, defendeu.
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