O anúncio foi feito pela ministra dos Negócios Estrangeiros sul-coreana, Kang Kyung-wha, que explicou que Seul vai destinar os seus próprios recursos para compensar as vítimas do exército imperial nipónico, e que não utilizará para esse fim a verba canalizada por Tóquio após o acordo de dezembro de 2015 entre o Governo japonês e o anterior executivo sul-coreano.
Relativamente aos fundos japoneses, Kang indicou, em declarações reproduzidas pela agência sul-coreana Yonhap, que Seul ainda deve discutir com Tóquio o destino a dar a esse dinheiro.
Coreia do Sul e Japão concluíram em dezembro de 2015 um acordo descrito como “final e irreversível” relativamente à questão das escravas sexuais, conhecidas pelo eufemismo “mulheres de conforto”, ao abrigo do qual Tóquio pediu desculpa pelos abusos cometidos durante a colonização da Coreia e concedeu 1.000 milhões de ienes (7,4 milhões de euros) a uma fundação de vítimas.
No entanto, associações de “mulheres de conforto” e mesmo parte da opinião pública sul-coreana consideraram que um pedido de desculpa é insuficiente, apontando ainda que Seul e Tóquio não tiveram em consideração as vítimas dos abusos na hora de fechar o acordo, pelo que reivindicaram uma revisão do mesmo.
Após a sua revisão, em dezembro passado, o Presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, concluiu que o acordo excluiu “as vítimas e os cidadãos” e que a questão das escravas sexuais “não se pode resolver” por via desse documento, sinalizando “falhas graves”.
A maioria dos historiadores estima que até 200 mil mulheres – a maioria coreanas, mas também chinesas – tenham sido forçadas a prestar serviços sexuais a tropas nipónicas entre os anos 30 do século passado e o final da Segunda Guerra Mundial, que terminou em 1945.
Apenas 38 das mulheres citadas na lista oficial detida pelo Governo sul-coreano estavam vivas em meados do ano passado.
A questão das “mulheres de conforto” dificultou, durante décadas, as relações do Japão com os países que colonizou ou invadiu.
Comentários