Nascido e criado em Londres numa família de origem somali, Ali, de 26 anos, proclamou-se inocente das acusações, mas afirmou, durante uma audiência, que atacou o deputado conservador para impedir que "provocasse danos" aos muçulmanos.
"Isto envia uma mensagem aos meus colegas", justificou. Definindo-se como um simpatizante do grupo Estado Islâmico, o réu garantiu que agiu sozinho e disse não ter remorsos por ter matado o deputado, depois de Amess ter votado a favor de se bombardear a Síria em 2014.
A família de Amess estava no tribunal no momento da leitura do veredito, durante a qual Ali se recusou a ficar de pé, alegando motivos religiosos. A pena será anunciada em uma audiência na quarta-feira.
Firme defensor do Brexit, fervoroso católico e pai de cinco filhos, o parlamentar Amess, de 69 anos, do Partido Conservador de Boris Johnson, foi esfaqueado mais de 20 vezes a 15 de outubro, durante um encontro com eleitores numa igreja metodista de Leigh-on-Sea, cerca de 60 quilómetros a leste de Londres.
Ali foi preso no local, onde se sentou para esperar a chegada da polícia. De acordo com a imprensa britânica, o suspeito já tinha sido submetido a um programa contra a radicalização. Ainda assim, não era considerado "de risco" por parte dos serviços de segurança britânicos.
Filho de um ex-assessor do primeiro-ministro somali, o acusado "radicalizou-se na Internet" em 2014, conforme relatou um dos seus amigos. Abandonou a universidade, assim como os seus planos de se tornar médico, e considerou ir lutar na Síria, até decidir atacar em solo britânico.
A polícia disse que não procura por mais ninguém em conexão a este ataque. O homicídio de Amess chocou o Reino Unido, já marcado pela morte da deputada trabalhista pró-europeia Jo Cox, de 41 anos, em junho de 2016, assassinada por um simpatizante neo-nazi uma semana antes do referendo sobre o Brexit.
A sua morte provocou apelos de reforço da segurança dos parlamentares, apesar do risco de que um aumento nessa proteção possa implicar restrições à tradição dos parlamentares britânicos de se reunirem, semanalmente, com os seus eleitores.
"Quando ele (Amess) morreu, estava a fazer o que acreditava ser, firmemente, a parte mais importante do trabalho de qualquer parlamentar: oferecer ajuda aos necessitados", declarou o primeiro-ministro Boris Johnson durante uma homenagem em outubro passado.
Eleito pela primeira vez em 1983, Amess era "firme nas suas convicções, mas sempre respeitoso com aqueles que pensavam diferente dele", completou.
Descrevendo-o como um "homem de paz", a família da vítima pediu que se "deixe o ódio de lado e se trabalhe pela unidade". "Seja qual for a sua raça, crenças religiosas, ou políticas, sejam tolerantes e tentem entender", acrescentou.
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