Num comunicado intitulado “Pressões inadmissíveis sobre os trabalhadores no Hospital de Gaia”, o STFPSN refere-se a uma “tentativa inadmissível de condicionar o direito à greve” por parte das “chefias do Hospital Santos Silva, em Vila Nova de Gaia”, uma vez que as mesmas “estão a inquirir os trabalhadores sobre a intenção de aderir ou não à paralisação” nacional dos trabalhadores da saúde.
Numa resposta enviada à Lusa, a administração do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho (CHVNGE) diz que a “inquirição referida pelo sindicato na verdade mais não foi do que a solicitação para que fossem definidos os elementos que irão assegurar os serviços mínimos, em conformidade com o texto do acórdão do Tribunal Arbitral”.
De acordo com a administração do hospital, “a informação veiculada pelo STFPSN só pode resultar de falha de informação de quem a transmitiu”.
Já para o sindicado, a administração do hospital quis “semear a confusão entre os trabalhadores, informando-os de que serão notificados para cumprir os serviços mínimos definidos num acórdão do tribunal arbitral que chegou fora do prazo”. “É uma tentativa de instigar o medo no Hospital e baralhar os trabalhadores", refere o comunicado.
Em declarações à Lusa, o coordenador do sindicato, Orlando Gonçalves, vincou que “se não havia tempo útil, o tribunal arbitral não devia ter feito sair o acórdão” relativo à greve que está “sobretudo relacionada com os assistentes operacionais, os administrativos e os de diagnóstico e terapêutica”.
“Isto levou a que, em Gaia, algumas chefias tenham publicado o acórdão no boletim, que convoca mais serviços mínimos do que os da greve geral do início do mês. Nós vamos recorrer da decisão, mas ela não chegará em tempo útil. Isto criou confusão nos trabalhadores”, descreveu Orlando Gonçalves. O coordenador ainda acrescentou: “as chefias não têm nada que perguntar quem vai fazer greve e quem não vai. Isto é pressionar e intimidar os funcionários para que não adiram à greve”.
Os trabalhadores da saúde protestam pela valorização da carreira de técnico superior de diagnóstico e terapêutica, pelos "cortes" nos pagamentos de horas de qualidade, pelas 35 horas semanais de trabalho para todos, pelo acordo coletivo de trabalho nos hospitais empresa, entre outros motivos.
Para além de criticar o hospital de Gaia, o STFPSN assinala também “negativamente a atuação de outras entidades, como o IPO-Porto, que na quarta-feira modificou as escalas, substituindo trabalhadores por outros que normalmente não fazem greves”.
“Tratando-se de exemplos de diferente grau de gravidade, são ambos representativos de uma postura de condicionamentos do exercício do direito à greve constitucionalmente consagrado que os trabalhadores da saúde vão protagonizar em defesa de melhores condições de trabalho, carreiras estáveis, melhores horários de trabalho semanais e outras medidas que contribuem para a melhoria dos serviços públicos de saúde”, assinala o sindicato no comunicado.
No comunicado enviado à Lusa, o conselho de administração do CHVNGE “congratula-se com o tom cordato e de cooperação da reunião realizada com o STFPSN”, na qual “ficou acordado um conjunto de medidas consensuais para aplicação imediata”, bem como para obter a contribuição do STFPSN, quer durante as greves, quer fora delas”.
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