Em declarações à agência Lusa, Tânia Russo explicou que tem existido uma “elevada sobrecarga” nos hospitais, que tem feito com que haja dificuldades na resposta dos profissionais de saúde no combate à pandemia.
“Isto carecia de um melhor planeamento. Os hospitais deveriam ter sido reforçados e a resposta deveria ter sido reforçada. […] Esse planeamento não foi feito e está a refletir-se agora no que estamos a ver”, apontou a dirigente sindical.
Hoje, Portugal registou 293 mortos relacionados com a covid-19, um novo máximo diário desde o início da pandemia, e 15.073 novos casos de infeção com o novo coronavírus, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS).
De acordo com Tânia Russo, os hospitais deveriam ter pensado “atempadamente” na organização e numa “adequada distribuição” de doentes por todo o país, ressalvando que, neste momento, “a situação é dramática”.
A dirigente do Sindicato dos Médicos da Zona Sul sublinhou ainda que deveria ter havido um reforço efetivo de profissionais de saúde.
“A falta de profissionais de saúde qualificados é - digamos assim - o principal passo limitante nesta resposta à pandemia”, disse, salientando que as “camas, por si só, não asseguram cuidados para os doentes”.
Sobre o problema na rede de oxigénio do Hospital Amadora-Sintra, que obrigou a transferir mais de quatro dezenas de doentes para outras unidades, na terça-feira, Tânia Russo reiterou que “os hospitais não estão construídos para este nível de sobrecarga a que estão sujeitos”.
“A continuar com esta utilização de oxigénio e de meios é natural que os sistemas tenham dificuldade em dar respostas. Quando se excede a capacidade, os sistemas não aguentam”, afirmou.
A Ordem dos Médicos afirmou hoje que os hospitais da região de Lisboa e Vale do Tejo estão a chegar ao “final da linha”, uma vez que já não conseguem ampliar o número de internamentos nos cuidados intensivos.
Em declarações à agência Lusa, o presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos, Alexandre Valentim Lourenço, explicou que os hospitais estão a trabalhar para além do planeamento de contingência feito no início da pandemia.
“Estamos a chegar ao final da linha, porque os hospitais que tinham no seu plano inicial de contingência 100/120 camas para covid estão a chegar às 200/300, o que significa que já ultrapassaram aquilo que era o seu plano inicial de contingência feita há uns meses”, salientou, acrescentando que os hospitais passaram a dedicar-se em cerca de 60% à covid-19.
O secretário de Estado Adjunto e da Saúde afirmou hoje que o Governo está atento às diferentes taxas de esforço dos hospitais da Área Metropolitana de Lisboa, por forma a haver um maior equilíbrio.
"Estamos atentos às taxas de esforço de forma a equilibrarmos essas taxas de esforço, para que não haja hospitais com 50%, 60% ou 70% e outros com 25% e 30%", disse António Lacerda Sales, que falava aos jornalistas após uma visita a uma estrutura de retaguarda de combate à covid-19, instalada no Hospital Militar de Coimbra.
O secretário de Estado respondia a questões dos jornalistas sobre um documento conjunto das administrações de sete hospitais da Área Metropolitana de Lisboa, que criticaram a distribuição de doentes entre os hospitais da região, referindo que as unidades periféricas têm uma maior taxa de esforço do que as centrais.
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