“Tendo em conta a qualidade do documento que recebemos para esta reunião, vai ser extremamente difícil” conseguir um acordo, disse a presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fnam), em declarações aos jornalistas à chegada ao Ministério da Saúde.
Depois de uma longa reunião negocial na terça-feira, a Fnam e o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) voltam hoje à sentar-se à mesa com o ministério, mas as expectativas são baixas, perante a proposta apresentada pelo Governo, de acordo com as estruturas sindicais.
“Parece que até estivemos em duas reuniões diferentes”, afirmou Joana Bordalo e Sá, que considerou que a proposta em discussão hoje mantém, no essencial, aquela entregue para a reunião de 19 de outubro e “não reflete, de todo, aquilo que tem sido discutido e as nossas exigências e soluções para podermos chegar a um acordo”.
Para a presidente da Fnam, continuam por resolver várias questões, designadamente a reposição das 35 horas de trabalho semanais, do período semanal máximo de 12 horas no serviço de urgência e a atualização da grelha salarial.
“Em relação à reposição das 35 horas para os médicos que fazem urgência, é feita à custa do fim do descanso compensatório depois de fazer uma noite. É absolutamente inaceitável”, considerou a dirigente sindical.
Posição semelhante é partilhada pelo SIM, que entende que as negociações chegaram a um impasse porque “a proposta apresentada pelo Ministério da Saúde é sempre igual”.
“A resolução do que se passa no Serviço Nacional de Saúde (SNS) está completamente do lado do Governo”, disse Maria João Tiago, secretária regional do SIM para Lisboa e Vale do Tejo, defendendo que a tutela deve ceder quanto à atualização da grelha salarial que, no seu entender, é aquilo que “fará com que os médicos se fixem no SNS”.
Pela Fnam, Joana Bordalo e Sá criticou ainda a resposta do Ministério da Saúde à disponibilidade para soluções faseadas, referindo que associa a implementação das medidas à evolução do número de médicos.
“As nossas condições de trabalho não podem depender de métricas que são do SNS”, argumentou.
Cerca das 14:50, os sindicatos entraram para uma primeira reunião, em que ficarão a conhecer os diplomas das Unidades de Saúde Familiar e da criação do regime da dedicação plena dos médicos, uma exigência da Fnam no encontro de terça-feira. O início da reunião negocial estava previsto para as 15:30.
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