Para o antigo líder rebelde, indicado na quarta-feira para Presidente interino pelo novo poder em Damasco, a soberania síria deverá permanecer “sob uma única autoridade", num país dividido pela guerra que perdurou quase 14 anos e que mantém focos de violência armada no norte e sul do país.
Ahmed al-Charaa defendeu também que será necessário "processar os criminosos que derramaram sangue sírio e cometeram massacres e crimes", quer estejam presentes no país ou no estrangeiro, ao mesmo tempo que se comprometeu com "uma verdadeira justiça de transição".
Quase dois meses após a deposição do regime autoritário de Bashar al-Assad, o líder sírio confirmou a realização de uma conferência de diálogo nacional, no discurso pré-gravado que foi transmitido em vários canais televisivos.
"Anunciaremos nos próximos dias uma comissão para preparar a conferência de diálogo nacional, uma plataforma direta para discussões, para ouvir diferentes pontos de vista sobre o nosso próximo programa político", indicou.
Outra comissão, prosseguiu, será criada para formar “um conselho legislativo restrito", substituindo o parlamento, que foi dissolvido na quarta-feira.
Após estas etapas, uma “declaração constitucional” servirá de “referência legal” durante o período de transição, substituindo a lei fundamental que estava em vigor desde 2012 e também já revogada.
O chefe de Estado de transição, por um período ainda desconhecido, regressou às circunstâncias da sua nomeação, indicada pelos grupos islamitas armados que derrubaram o poder de Assad em 08 de dezembro.
"Ontem [quarta-feira], foi-me atribuída a responsabilidade do país, após intensas consultas com especialistas jurídicos, garantir um processo político em conformidade com as normas legais, de modo a obter a legitimidade necessária", relatou.
Os rebeldes que assumiram o controlo da Síria indicaram ma quarta-feira o seu líder de facto, Ahmed al-Charaa, para Presidente de transição e encarregaram-no de formar um conselho legislativo interino, ao mesmo tempo que dissolveram as Forças Armadas.
Numa série de anúncios em Damasco, as novas autoridades sírias suspenderam também a Constituição em vigor e dissolveram as atividades do parlamento, bem como o Baas, do anterior Presidente Bashar al-Assad, o partido no poder há mais de 60 anos.
Além do Exército, todos os grupos armados existentes no país ficam também suspensos.
As novas autoridades sírias são lideradas pelo antigo grupo rebelde islamita Organização para a Libertação do Levante (Hayat Tahrir al-Sham, HTS), de al-Charaa, que se aliou aos movimentos armados apoiados pela Turquia na ofensiva relâmpago que derrubou Assad.
Apesar das suas origens islamitas e com ligações anteriores a grupos terroristas, o novo poder sírio tem procurado tranquilizar o país e a comunidade internacional, expressando mensagens de integração da diversidade política e religiosa do país.
Ao mesmo tempo que tenta consolidar o seu poder e manter o Estado funcional, lida com a persistência de combates no norte da Síria entre forças apoiadas pela Turquia e grupos dominados pelos curdos e a presença de tropas israelitas no sul, em violação da zona desmilitarizada junto da fronteira entre os dois paíse
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