O alerta de António Arnaut, considerado o “pai” do SNS, foi deixado por mensagem escrita, dirigida ao III Congresso da Fundação Para a Saúde, que decorreu na sexta-feira e no sábado, em Coimbra, e divulgada pelo presidente da fundação José Aranda da Silva, através da sua conta no Facebook.
A culpa é da "filosofia neoliberal que visou a destruição do Estado Social e reduziu o SNS a um serviço residual para os pobres", lê-se na mensagem, com a data de 18 de maio.
“É preciso reconduzir o SNS à sua matriz constitucional e humanista. Há agora condições políticas e parlamentares para realizar essa tarefa patriótica e o governo propôs-se fazê-lo”, escreveu.
O presidente honorário do PS comentou, há pouco mais de duas semanas, aos microfones da TSF, a notícia da desfiliação do ex-líder e antigo primeiro-ministro José Sócrates.
Foi em 04 de maio que Arnaut, histórico e fundador do PS, afirmou: “Sócrates não tem de se queixar de ninguém. Tem de se queixar é de si próprio.”
“Não é com a condenação moral que muitos camaradas de José Sócrates lhe fazem que nós estamos a fazer o jogo da Direita. Pelo contrário: fazemos o jogo da direita se deixássemos ficar sem uma palavra de condenação um comportamento que se afasta de todas as regras da Ética e da lisura republicana”, disse.
Desde o início do ano, porém, foram poucas as suas aparições públicas, as últimas das quais, em Coimbra, cidade onde viveu.
Por motivos de saúde, Arnaut não esteve, a 06 de janeiro, na apresentação do livro com João Semedo, do Bloco de Esquerda (BE), “Salvar o SNS – Uma nova Lei de Bases da Saúde para defender a democracia”.
Na sessão, o primeiro-ministro, António Costa, sem se comprometer com calendários, afirmou que esta "é uma excelente altura" para se fazer uma reflexão sobre o SNS, que está próximo de comemorar 40 anos de existência.
E o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, admitiu que “está no momento” de conceber uma nova Lei de Bases da Saúde e que estão criadas as condições para avançar com o processo.
António Arnaut, advogado, nasceu na Cumeeira, Penela, distrito de Coimbra, em 28 de janeiro de 1936, e estava internado nos hospitais da Universidade de Coimbra.
Presidente honorário do PS desde 2016, foi ministro dos Assuntos Sociais no II Governo Constitucional, Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano e foi agraciado com o grau de Grande-Oficial da Ordem da Liberdade e com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.
Poeta e escritor, António Arnaut envolveu-se desde jovem na oposição ao Estado Novo e participou na comissão distrital de Coimbra da candidatura presidencial de Humberto Delgado.
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