“Face a sucessivos governos que, por ignorância, desrespeito ou apenas medo, insistem em não apoiar o teatro, os seus fazedores, com poucos meios, sem direito a uma vida planeada e estruturada, sempre em situação de precariedade, continuam a construir pontes, a abrir caminhos, a marcar encontro com o outro, a oferecer-se como refletores e expansores da condição humana, num diálogo incessante e multiplicador”, lê-se na mensagem da atriz, a propósito do Dia Mundial do Teatro, que se assinala a 27 de março.
Para a atriz e encenadora, que este ano foi a convidada da Sociedade Portuguesa de Autores para redigir a mensagem sobre a efeméride, é “com amor” que se vive e se faz o teatro. Por isso, convidou também outros criadores para se juntarem à mensagem, como Beatriz Batarda, Carlos J.Pessoa, Fernanda Lapa, Isabel Abreu, Jorge Silva Melo, Ricardo Neves-Neves e Tiago Rodrigues.
O teatro, defende a atriz e encenadora, é amor pela arte, pelos seres em permanente conflito, pelo mundo, pelos oprimidos, pelo passado, pelo presente e pelo futuro. Um amor “que resiste a todas as adversidades” e que, por conseguinte, “nenhuma força consegue parar”.
Num tempo de demagogos e ditadores, de divisões e fragmentações, de manipulação e mentira, o teatro está “mais que nunca vivo, vibrante a autêntico”, considera Isabel Medina.
Em Portugal assiste-se a um “intenso fervilhar de criadores, de novas estruturas, de afluência de públicos, de vitalidade e movimento”, escreve.
A encenadora e atriz refere ainda que o teatro é “livre” e que sempre se constituiu como um “polo sagrado" de revelação da essência do ser humano.
Sendo a “mais coletiva das obras”, Isabel Medina convocou outros criadores, para se associarem à mensagem.
Sobre o teatro, a atriz Beatriz Batarda diz que o palco é o local onde nada lhe é proibido, o local onde se trabalha 08, 12, 24 horas seguidas, “as necessárias para que a história possa transportar o espetador na nuvem invisível que leva ao outro lado do tempo”.
Carlos J. Pessoa, encenador e dramaturgo do Teatro da Garagem, refere que quem vai para o teatro, seja o fazedor, seja o espetador, leva “consigo uma parcela do mundo que acrescenta informação e sensibilidade”. Por isso, apela a que, no Dia Mundial do Teatro, se celebre no “teatro dos outros o teatro de cada um”.
A atriz e diretora da Escola de Mulheres, Fernanda Lapa, considera que o teatro continua a resistir “a perseguições, à censura política, à censura económica, à guerra, ao fanatismo, às modas e à ignorância há mais de 2.500 anos”.
Para o encenador Jorge Silva Melo, é bom que espetador e atores vivam juntos. “Amantes sem sermos casados. E todas as noites livres!”, acrescenta.
Para a atriz Isabel Abreu, o teatro é o “enorme prazer de escutar". "O enorme prazer do aqui e agora, o momento que será sempre o momento presente”.
O encenador e dramaturgo Ricardo Neves-Neves diz que o teatro continua a ser o lugar do jogo, da contracena, da brincadeira, do direito ao ridículo.
O diretor do Teatro Nacional D. Maria II, Tiago Rodrigues, por seu lado, destaca a assembleia humana do teatro, reunida em torno do mistério artístico. Por isso, “talvez seja o que mais precisamos de colocar no centro das nossas vidas”, afirma.
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