"O grupo Wagner é uma empresa militar privada. [...] A República Centro-Africana, o Mali, bem como o Sudão e vários outros países cujos governos, cujas autoridades legítimas, se voltaram para tais serviços, eles têm o direito de o fazer", disse Lavrov, numa conferência de imprensa na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, onde se encontra por ocasião da presidência rotativa mensal russa do Conselho de Segurança.

"E quem está preocupado com esta questão, que dê uma olhada na internet e veja a quantidade de companhias militares privadas que existem nos Estados Unidos, no Reino Unido, em França... há dezenas delas. E muitas trabalham há muitos anos diretamente nas nossas fronteiras, inclusive dentro da Ucrânia", argumentou ainda o chefe da diplomacia russa.

O chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, já havia manifestado na segunda-feira preocupação com a presença do grupo Wagner no Sudão, onde violentos combates persistem há vários dias opondo o exército a uma força paramilitar.

"Estamos muito preocupados com o envolvimento do grupo de [Yevgeny] Prigozhin - o grupo Wagner - no Sudão", disse Blinken numa conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo queniano, Alfred Mutua, em que criticou o papel desempenhado por alguns países do Médio Oriente.

"Já há algum tempo que estamos preocupados com o papel desempenhado por alguns dos nossos amigos no Médio Oriente, bem como pela Rússia e outros, no apoio a um ou outro lado", disse o ministro queniano dos Negócios Estrangeiros, salientou que "não é altura de tomar partido por nenhum dos lados".

Mutua não mencionou nenhum país em particular e disse que agora o importante é as "forças externas deixarem o Sudão em paz".

Blinken afirmou que o grupo Wagner, que também está ativo no Mali e na República Centro-Africana, traz "mais morte e destruição onde quer que esteja presente".

Segundo a imprensa, citando funcionários, o grupo Wagner forneceu armas aos paramilitares das Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), lideradas pelo general Mohamed Hamdane Daglo, que se opõe ao general Abdel Fattah al-Burhan, o líder de facto do Sudão.

Ainda sobre o Sudão, Lavrov classificou a situação no país de "tragédia".

"As pessoas estão a morrer. Existem ameaças aos diplomatas e são ameaças significativas. Estamos cientes disso. Estamos a acompanhar a situação. Hoje, representantes da UNICEF solicitaram à nossa embaixada que acomodasse de alguma forma o seu pessoal devido ao facto de não se encontrarem num local seguro. Não tenho certeza de como isso pode ser feito, mas vamos resolver a situação", afirmou o ministro.

Os combates no Sudão, iniciados no dia 15, opõem forças do general Abdel Fattah al-Burhan, líder de facto do país desde o golpe de Estado de 2021, e um ex-adjunto que se tornou um rival, o general Mohamed Hamdan Dagalo, que comanda as Forças de Apoio Rápido.

O balanço provisório do conflito indica que há mais de 420 mortos e 3.700 feridos, segundo a Organização Mundial da Saúde.

Os confrontos começaram devido a divergências sobre a reforma do exército e a integração das RSF no exército, parte do processo político para a democracia no Sudão após o golpe de Estado de 2021.

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