“É absolutamente inaceitável a decisão da empresa. Eu soube hoje de manhã. Aquilo que a empresa sugere é absolutamente inaceitável e, por isso, vou trabalhar hoje a tarde toda para que isso não venha a acontecer”, afirmou João Pedro Matos Fernandes, em declarações aos jornalistas, à margem da iniciativa Portugal Mobi Summit, em Cascais.
“Eu poderia minimizar a questão, dizer que, em bom rigor, é hoje e amanhã [quinta-feira] das 21:00 à meia-noite, mas, de facto, eu não consigo minimizar esta questão”, acrescentou o governante.
Matos Fernandes defendeu que a decisão da empresa é “grave” e garantiu que “vai mesmo tudo fazer” para que a supressão de carreiras não venha a acontecer.
A Transtejo/Soflusa (TTSL) anunciou a supressão de carreiras entre Cacilhas (Almada, distrito de Setúbal) e Cais do Sodré (Lisboa), na quarta e quinta-feira, durante o período noturno, devido à “falta de recursos humanos operacionais”.
“Por motivo de falta de recursos humanos operacionais, o serviço regular de transporte é interrompido no período noturno”, informou a TTSL, num aviso divulgado na segunda-feira no ‘site’ da empresa, que refere que as perturbações vão ocorrer hoje e quinta-feira.
A empresa TTSL revelou o horário das últimas carreiras antes da interrupção, que na ligação Cacilhas - Cais do Sodré será às 20:55 na quarta-feira e às 20:38 na quinta-feira, enquanto na ligação Cais do Sodré – Cacilhas está previsto ser às 21:15 na quarta-feira e às 20:50 na quinta-feira.
Já as primeiras carreiras após a interrupção, na quinta e sexta-feira, com horários iguais para ambos os dias, entre Cacilhas e Cais do Sodré será às 00:05 e na ligação Cais do Sodré – Cacilhas será às 00:20.
Em resposta ao aviso da TTSL, a Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (FECTRANS) considerou que a supressão de carreiras, na quarta e quinta-feira, durante o período noturno, “não é uma situação isolada, porque é frequente anúncios destes, como foi o caso da semana passada com algumas dezenas de supressões, sendo uma questão estrutural decorrente da falta de trabalhadores que não são admitidos”.
“Não são supressões devidas a qualquer conflito laboral, mas devido à falta de respostas às reivindicações dos trabalhadores, nas quais se incluem a admissão de novos trabalhadores para substituir os que faltam, mas que o Governo continua a ignorar e os navios não funcionam sem trabalhadores”, apontou a FECTRANS, em comunicado.
Manifestando solidariedade com o protesto dos utentes da TTSL, por considerar que “são, cada vez, mais mal servidos devido ao desinvestimento nestas empresas públicas”, a federação questionou o porquê de não se admitirem novos trabalhadores.
“Será que querem razões para medidas de alienação das empresas, com a justificação da incapacidade de, no âmbito de empresa pública, prestar um serviço público de qualidade?”, interrogou a FECTRANS.
Para a federação, a empresa TTSL, que junta a Transtejo e a Soflusa, “não pode continuar refém” da falta de respostas do Governo, devendo responder às reivindicações dos trabalhadores, que são “essenciais para a prestação de um serviço público de qualidade”.
Na quinta-feira, os trabalhadores da Transtejo, que fazem as ligações entre a Margem Sul do rio Tejo e Lisboa, decidiram marcar cinco dias de greve parcial para continuar a reivindicar por aumentos salariais, disse à agência Lusa fonte sindical.
A decisão foi tomada durante um plenário de trabalhadores, realizado na quinta-feira à tarde, não estando para já estabelecido em que dias ocorrerá a paralisação, segundo adiantou o dirigente da Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans), Paulo Lopes.
Os trabalhadores da Transtejo, juntamente com os da Soflusa, fizeram várias greves parciais durante este ano, a última das quais em 21 de setembro, devido a falhas nas negociações salariais entre a administração da empresa e os sindicatos, tendo o Ministério do Ambiente reunido igualmente com os sindicatos na tentativa de desbloquear a situação.
A Transtejo assegura as ligações fluviais entre o Seixal, Montijo, Cacilhas e Trafaria/Porto Brandão, no distrito de Setúbal, e Lisboa, enquanto a Soflusa é responsável por ligar o Barreiro à capital.
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