“Nós demos há poucos minutos entrada de um requerimento na comissão de inquérito para que todas as mensagens entre [o ministro das Infraestruturas] João Galamba, a CEO da TAP e todas as entidades envolvidas nesta narrativa tenham que ser entregues à comissão de inquérito”, anunciou André Ventura.

O presidente do Chega falava aos jornalistas à saída da sede da Carris, em Oeiras, depois de se ter reunido com a Comissão de Trabalhadores daquela empresa, que iniciou na segunda-feira um período de greve parcial que termina na sexta-feira.

Ventura salientou que o requerimento visa perceber quem é que pediu e qual foi a troca de mensagens relativa à reunião, em 17 de janeiro, entre Christine Ourmières-Widener, assessores governamentais e deputados do PS, na véspera de uma audição parlamentar da presidente executiva da transportadora aérea.

“Nós temos de saber quem é que está a dizer a verdade aqui, porque nós já tínhamos vários ministros fragilizados. Neste momento, a todos os que já estavam, junta-se João Galamba e Ana Catarina Mendes que são suspeitos de participar numa coisa que eu acho que (…) é completamente imoral e antiética”, salientou.

O líder do Chega considerou que a reunião em questão está “muito próxima do que é, no âmbito dos processos, a manipulação de testemunhas”, acusando o PS de ter procurado “condicionar o testemunho” de Christine Ourmières-Widener na audição parlamentar de 18 de janeiro.

Por outro lado, André Ventura referiu que o requerimento visa também obter todas as comunicações relativas a um alegado pedido, feito à TAP, para se alterar um voo, proveniente de Maputo, que tinha como passageiro o Presidente da República.

Ventura considerou que, também nesta matéria, é importante perceber “quem é que pediu à TAP para alterar o voo do Presidente”, mostrando ceticismo relativamente à ideia segundo a qual terá sido a agência de viagens Top Atlântico.

“Alguém pediu para alterar a viagem do Presidente e, enquanto não soubermos quem é - e eu penso que, a esta hora, ninguém sabe quem é - nós só sabemos meia verdade”, disse.

Também sobre este assunto, o líder do Chega considerou haver contornos criminais, defendendo que, tanto a atitude do ex-secretário de Estado das Infraestruturas Hugo Mendes como do próprio ministério, está “muito próximo de um crime de tráfico de influências”.

“Na verdade, tenta-se usar e abusar da influência para tomar uma decisão que é ilegítima, que era alterar o voo de 200 pessoas (…) sem qualquer fundamento”, disse.

Fazendo um balanço das audições que decorreram até agora na comissão de inquérito à TAP, Ventura considerou que revelam “o tremendo pântano em que está envolvido o Governo socialista”.

“Nós estamos a assistir a um passa culpas degradante entre membros do Governo, (…) mentira atrás de mentira, tentativa de ocultação atrás de tentativa de ocultação, e eu acho que era importante ouvir António Costa” sobre o assunto, disse.

O líder do Chega desafiou o primeiro-ministro a revelar se mantém a confiança nos ministros das Infraestruturas, João Galamba, e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, mas também no atual líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, no deputado socialista Carlos Pereira, que participou na reunião com Ourmières-Widener.

Ventura apelou ainda a que o Presidente da República tenha “muito cuidado”, uma vez que, “com muita facilidade”, o Governo o “enreda numa teia de onde depois é muito difícil sair”.

“O PS está a usar verdadeiramente o Presidente da República neste momento como arma de arremesso e isso é muito negativo. É bom que Marcelo Rebelo de Sousa tenha os olhos e os ouvidos bem abertos para o que está a acontecer em Portugal”, disse.