Em frente às Torres de Lisboa, largas dezenas de trabalhadores do Diário de Notícias (DN), Jornal de Notícias (JN), da rádio TSF, do Dinheiro Vivo (DV), do desportivo O Jogo, entre outros títulos, estiveram concentrados esta tarde, onde marcaram presença também trabalhadores de outros órgãos de comunicação social.
Envergando cartazes onde se podia ler “pelo jornalismo livre” ou “todos diferentes, todos iguais, todos sem salário”, os trabalhadores aprovaram uma resolução na qual defendem a continuação da luta “até que haja uma clarificação do projeto do grupo e garantias da salvaguarda dos postos de trabalho e do pagamento do salário de dezembro e do subsídio de Natal”.
A secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha, disse no local, à Lusa, estar solidária com a luta dos trabalhadores da Global Media, tendo também marcado presença pela defesa “do direito à informação, da liberdade de expressão, do direito a órgãos de comunicação social isentos, idóneos, transparentes, que transmitam de facto o que acontece”.
“A pressão que está a ser feita sobre os trabalhadores deste grupo, não dá essas garantias”, afirmou Isabel Camarinha.
O jornalista da TSF Filipe Santa Bárbara, porta-voz da Comissão de Trabalhadores da rádio considerou que este é “um grito de alerta para a sociedade” porque “o que está a ser posto em causa é o jornalismo”, além das “questões miseráveis” a que os trabalhadores do GMG estão sujeitos.
“Só estamos a pedir que nos deixem trabalhar de forma livre, independente, sem ingerências e que nos paguem por esse trabalho”, realçou Filipe Santa Bárbara.
João Pedro Rodrigues, jornalista no DN desde 2006, que integra o Conselho de Redação do jornal, referiu o “emagrecimento sucessivo dos quadros” nos últimos anos, defendendo que a experiência prova que “não há virtudes em despedimentos coletivos, como os que se planeiam para o JN e TSF”.
“Já percebemos que não estamos a ser geridos por pessoas de boa-fé e é preciso apelar ao país que se interessa, ao país dos democratas, para que se mobilize para ter uma intervenção neste grupo empresarial”, acrescentou.
Alexandra Inácio, jornalista no JN há 24 anos, disse estar preocupada com o posto de trabalho e com a sua sobrevivência e a dos filhos, mas sobretudo com a “ameaça” que paira sobre o jornal considerando que “não é um mero despedimento coletivo com base em resultados financeiros, mas um ataque à imprensa livre”.
Por sua vez, o subchefe de redação de Lisboa do jornal O Jogo, António Pires, apontou as dificuldades diárias em “fazer sair o jornal todos os dias” com uma redação “muito reduzida” de oito pessoas, e, sobretudo, quando está na calha um despedimento coletivo.
Luís Reis Ribeiro, jornalista no Dinheiro Vivo, explicou que aquilo que o levou a partipar no protesto de hoje foi, além dos salários em falta, “o sentido de urgência em saber qual o futuro para este projeto”, em nome do bem que disse mais prezar, “que é o jornalismo”.
O protesto contou com jornalistas de outros órgãos de comunicação social, vários políticos e outras personalidades, entre os quais o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, a ex-ministra da Saúde Maria de Belém, o antigo diretor-geral da saúde Constantino Sakellarides, o advogado Garcia Pereira, o escritor e jornalista Fernando Dacosta ou o diretor da PJ, Luís Neves.
Os trabalhadores da Global Media estão hoje em greve para exigir o pagamento do salário de dezembro e do subsídio de Natal e após a Comissão Executiva do GMG, liderada por José Paulo Fafe, ter anunciado que iria negociar com caráter de urgência rescisões com 150 a 200 trabalhadores e avançar com uma reestruturação que disse ser necessária para evitar “a mais do que previsível falência do grupo”.
A greve de hoje foi convocada pelo Sindicato dos Jornalistas (SJ), pelo Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Norte (SITE-Norte) e pelo Sindicato dos Trabalhadores de Telecomunicações e Comunicação Audiovisual (STT), abrangendo todos os trabalhadores, independentemente da função.
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