A paralisação foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e Regional (STAL) e vai mobilizar os trabalhadores das fábricas de Trajouce, no concelho de Cascais, e de Mafra, num universo de cerca de 300 pessoas.
Em declarações à agência Lusa, Carlos Fernandes, do STAL, explicou que os principais motivos para esta paralisação se prendem com revindicações de melhorias salariais e “ausência de respostas por parte da administração da empresa”.
“Andamos há mais de três anos a negociar um acordo de empresa, de uma forma informal, sem a presença de qualquer membro do conselho de administração, para desbloquear as principais reivindicações dos trabalhadores. O conselho de administração não nos responde”, queixou-se.
Segundo o sindicalista, entre as principais reivindicações dos trabalhadores da Tratolixo está um aumento de 100 euros para 2023 e a atribuição para todos do suplemento de insalubridade, penosidade e risco.
“O poder de compra destes trabalhadores desceu bastante ao longo deste ano. Em muitos casos, os trabalhadores estão a ser apanhados pelo salário mínimo, mesmo com muitos anos de casa”, alertou.
Além das questões salariais, Carlos Fernandes referiu que os trabalhadores da Tratolixo pretendem também que sejam estabelecidas as 35 horas de trabalho semanal para todos.
“Na fábrica essa discriminação é maior, pois o setor administrativo trabalha 35 horas e o setor operacional 40”, apontou, acrescentando esperar que com a paralisação a administração da empresa e as quatro autarquias abrangidas possam perceber a gravidade da situação.
Por seu turno, questionada pela Lusa, fonte da administração da Tratolixo remeteu uma comunicação também distribuída aos trabalhadores da empresa.
“Se não cumpríssemos a nossa função, também não teria sido possível realizar este ano, os aumentos salariais muito acima do estipulado para a função pública, com o especial cuidado de privilegiar o aumento dos salários mais baixos, conscientes de que se encontram cada vez mais próximos do salário mínimo. Outras medidas que temos tomado são as diversas melhorias implementadas após o 30.º aniversário da empresa ou, mais recentemente, com as medidas de apoio à natalidade”, pode ler-se na nota enviada aos trabalhadores.
Nessa nota, a administração da Tratolixo diz também estar consciente do “período conturbado” que será vivido no próximo ano, devido à “inflação e às taxas de juros”, mas ressalva que está a trabalhar num conjunto de investimentos em ambos os ecoparques (Trajouce e Mafra), de forma a “garantir o futuro promissor da empresa”.
“Como temos demonstrado, a Tratolixo nunca precisou de influências externas para colocar o interesse dos seus colaboradores em primeiro lugar. Pedimos apenas que mantenham o foco naquilo que realmente contribuirá para a melhoria e eficácia do nosso desempenho, prestando, em cada dia, um melhor serviço aos nossos municípios e aos seus cidadãos neles residentes”, conclui a nota.
O sindicato prevê que a greve possa causar constrangimentos no processo de receção do lixo nos concelhos de Sintra, Oeiras, Cascais e Mafra.
A Tratolixo é uma empresa intermunicipal certificada, detida em 100% pela AMTRES — Associação de Municípios de Cascais, Mafra, Oeiras e Sintra para o tratamento de resíduos sólidos e responsável pelo serviço público de tratamento de resíduos urbanos produzidos pelos mais de 800.000 habitantes dos municípios deste sistema de gestão de resíduos urbanos.
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