À porta da sede do banco, os trabalhadores colocaram caixas embrulhadas em papel festivo onde se liam palavras como ‘burnout’, “vidas destruídas”, “precariedade”, “assédio” ou “despedimentos”.
À comunicação social, João Pascoal, dirigente do Movimento Mudar Bancários, disse que se trata “de uma ação simbólica dos trabalhadores despedidos agora pelo Banco Santander Totta que vêm devolver tudo aquilo que lhes foi dado no ano de 2021”.
João Pascoal afirmou que o banco realizou ações que levaram à saída de 1.400 trabalhadores durante o último ano, incluindo através do despedimento coletivo de 145 trabalhadores.
“Muitos de nós, com a nossa luta, conseguiram que fossem reformas antecipadas – cerca de 750 reformas –, outros aceitaram rescisões por mútuo acordo – algumas centenas –, e, finalmente, há mais de uma centena de trabalhadores que estão em condições de despedimento coletivo e que não têm condições para aceitar nenhuma das outras propostas”, acrescentou.
Uma das trabalhadoras afetadas foi Débora Óscar, que disse que “não se conforma” com a decisão e que irá impugnar o despedimento coletivo, que se irá consumar em 14 de janeiro.
“Tinha a perspetiva de ter uma reforma a partir dos 55 anos, que está ao abrigo do ACT [acordo coletivo de trabalho] do setor bancário”, lamentou a trabalhadora.
Débora Óscar acusou a administração do banco de ter feito “um aproveitamento da digitalização, juntamente com a pandemia para acelerar um processo que não estava preparado” e que “afastou 25% da sua força de trabalho”, privando-a “de poder aceder à reforma a que tinha direito”.
“Vou para tribunal”, reforçou, dizendo que a sua situação “não é compatível” com a decisão da administração.
A tribunal irá também Rui Lopes, que considerou o processo “abrupto e sem nenhuma sensibilidade social”.
“Não teve contemplações com as situações das pessoas, não procurou arranjar compensações ajustadas para este desamparo que vai gerar nas vidas das pessoas”, referiu o funcionário do banco há 15 anos.
Rui Lopes justificou a decisão de impugnar o despedimento com a falta de “margem de negociação por parte do banco para reverter o processo”, acusando-o de “não ter em conta os legítimos interesses dos colaboradores”.
João Pascoal criticou o Governo de não agir perante este despedimento coletivo.
“A própria ministra do Trabalho prometeu ter alguma intervenção, mas não teve. Não houve nenhuma intervenção dos poderes públicos, do Governo e, da parte dos sindicatos, houve muito pouca ação neste processo”, constatou o dirigente do movimento.
Ainda assim, acredita que “há volta a dar”, apontando que “o banco tem sempre a possibilidade de voltar atrás, desistir e revogar esta decisão de despedimento coletivo” e que a administração “já voltou atrás em dois ou três casos, abrindo esse precedente”.
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